A possibilidade da Prefeitura de Londrina implantar o "passaporte da vacina" nem passou da fase de estudos e já encontra resistência na Câmara Municipal, ao menos do vereador Claudinei dos Santos, o Santão (PSC). Por meio de uma indicação, o parlamentar pediu que o prefeito Marcelo Belinati (PP) proíba os estabelecimentos comerciais de cobrarem a apresentação do comprovante. A medida valeria para qualquer doença transmissível, e não só a Covid-19.

Segundo o vereador, os locais que descumprirem a regra devem ser multados em cinco mil reais. Em entrevista à FOLHA, Santão disse que o direito de ir e vir, previsto na Constituição, deve se sobrepor ao certificado de vacinação que pode sair do papel. "As pessoas estão sendo submetidas a restrições porque não se vacinaram. O bandido que sai da cadeia, por exemplo, não precisa apresentar antecedentes criminais em um supermercado para comprar comida. E querem colocar essa regra para quem ainda não se vacinou", argumentou.

Imagem ilustrativa da imagem Vereador quer barrar 'passaporte da vacina' cogitado pela Prefeitura de Londrina
| Foto: Emerson Dias/N.Com

O vereador esclareceu que se imunizou contra a Covid-19, mas que não pode obrigar outros a tomarem a mesma atitude. "Quem faz isso são os ditadores. O passaporte sanitário vai ao desencontro dos direitos fundamentais dos cidadãos. Se a pessoa quiser pintar a casa de azul, não há impedimento para isso. Se quiser o verde, pode pintar assim. Se eu gosto do azul, não posso obrigar a gostarem do azul e deixarem o verde pra lá", completou Santão, que é alinhado às pautas bolsonaristas.

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, confirmou na semana passada que há um estudo em andamento para verificar a viabilidade do "novo" passaporte, que comprova se o morador tomou a primeira dose ou se está com o esquema vacinal completo. A ideia já é realidade em grandes cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro.

No entanto, Machado descartou impor qualquer norma. "Não pode ser nada de caráter impositivo. Temos que convencer e conscientizar a população que a vacinação, neste momento, não pode ser uma questão de escolha individual, mas de necessidade coletiva. Não adianta implantar uma ação que seja simplesmente de marketing", declarou à FOLHA na semana passada.