A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) lançou uma licitação para que uma empresa assuma a coleta dos recicláveis nos imóveis de Londrina, incluindo os distritos. Atualmente, este serviço é feito pelas sete cooperativas. A ideia da companhia é que a terceirizada recolha os materiais e entregue diretamente nos barracões. O preço máximo do edital é de quase R$ 6,5 milhões - dinheiro do Fundo de Urbanização de Londrina -, sendo que o gasto mensal será de até R$ 541 mil, num vínculo de um ano.

A empresa terá que dispor de sete caminhões do tipo baú, sendo um reserva, e a estimativa é que os veículos rodem cerca de 3.750 quilômetros por mês. Serão 42 coletores e 14 motoristas, divididos em turno diurno e noturno. Os caminhões terão que contar com sistema de rastreamento, monitoramento e gerenciamento eletrônico.

“Os resíduos deverão ser coletados diariamente, com frequência semanal ou duas vezes por semana, dependendo do setor, em horários e dias previamente determinados pela contratante”, de acordo com a licitação. Os interessados terão que apresentar proposta até 14 de setembro.

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A companhia justifica o certame no próprio documento destacando apenas que cabe a ela “administrar e explorar diretamente os serviços de coleta seletiva e de reciclagem de lixo”, além de “gerenciar os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, praticando todos os atos de planejamento, controle e fiscalização dos serviços.”

A reportagem procurou a CMTU para comentar a mudança na coletiva seletiva, no entanto, a companhia informou que não iria se manifestar.

Empresa deverá ter sete caminhões para recolher materiais
Empresa deverá ter sete caminhões para recolher materiais | Foto: Reprodução

'MEDO DE PREJUÍZO'

Entre algumas associações de recicladores a notícia gerou surpresa e receio entre as lideranças. Presidente da Cooper Região, Zaqueo Vieira classificou a medida como “triste”. “A CMTU precisa dizer o motivo para passar para a terceirizada. Fica inválido o nosso trabalho, porque a empresa não tem conhecimento igual as cooperativas e fazemos um trabalho de conscientização”, elencou.

Londrina tem cerca de 230 mil imóveis atendidos pela coleta seletiva. As cooperativas recebem aproximadamente R$ 0,85 por domicílio visitado. A Cooper Região, por exemplo, comercializa uma média de 200 toneladas de material reciclado, tem 117 cooperados e atende 89 mil imóveis nas quatro regiões, ou seja, 38% do total. “Se tirarem de nós esse trabalho, não deveremos receber mais para coletar e vamos ficar somente com o que a empresa pegar, o que é muito desagradável. O que vamos fazer com os nossos sete caminhões?”, questionou.

'AUMENTO NA PRODUÇÃO'

Já na avaliação de Sandra Araújo, da Coocepeve, a terceirização deverá trazer benefícios, como economia em relação ao gasto com combustível e também uma forma de ter mais horários de coleta para fazer frente aos recicladores informais. “Como catadora, o que preciso ter é o material reciclado e tirar dele minha fonte de renda. Se eles coletarem, vamos ficar dentro do barracão o dia todo e produzindo. Mas só vai dar resultado se não faltar material para nós”, ponderou.

A cooperativa, que tem dois barracões na cidade, conta com 37 trabalhadores e recolhe material de 25.400 domicílios. Por mês são comercializadas 32 toneladas de resíduos, volume que já foi de 100 toneladas há aproximadamente dois anos, de acordo com a presidente da associação.

“A CMTU nos garantiu que irá repassar 20% de INSS e 40% de insalubridade sobre os salários dos cooperados, o que era uma dificuldade para as cooperativas. Isso vai ajudar. A companhia ainda pode estudar formas de ter mais coleta de material, porque do jeito que está, não sobrevivemos”, acrescentou.

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