Chuva formou rio em diversas ruas do Perobal
Chuva formou rio em diversas ruas do Perobal | Foto: Ricardo Chicarelli/Grupo Folha

É só o tempo fechar e nuvens de chuva se formarem para os moradores dos jardins Perobal, Novo Perobal e Franciscato, na zona sul de Londrina, olharem para o céu com preocupação. Os bairros ficam localizados numa região de muitas baixadas e com declives. Somado a isto está a alegação, por parte dos populares, da falta de mais infraestrutura para escoar a água.

Com a chuva que caiu na cidade entre a noite de domingo (27) e a tarde de segunda-feira (28), o caos voltou a ser vivenciado. O bairro mais prejudicado foi o Perobal. Residências da parte mais baixa da localidade chegaram a ser invadidas pela água da chuva, que em algumas vias formou um rio, levando tudo que tinha pela frente, inclusive, parte do asfalto, como foi o caso da rua Ignácio Borges Arantes Neto.

Moradora de uma casa que fica no cruzamento da rua Tadao Ohira com Ignácio Borges, a costureira Márcia Lourenço ainda está se recuperando do último temporal, em que uma árvore e um poste de energia elétrica caíram sobre o imóvel e a água da chuva a fez perder o que tinha. “Até hoje tem a marca do barro na parede. Sofremos muito quando chove. Os vizinhos vêm para a rua e fazemos mutirão para desobstruir os bueiros e limpar as vias para não acontecer algo de pior”, relatou.

No temporal deste início de semana, a casa de uma de suas filhas, no final da Tadao Ohira, ficou alagada. “Ela mora sozinha com a filha pequena, de oito anos. A água entrou com tudo na casa dela”, lamentou, se arriscando entre a enxurrada para ver a situação de outras filhas que moram nas proximidades. “Já pedimos providências para a prefeitura, mas, ela manda funcionários, eles fazem reparos pequenos e vão embora. Na chuva desta segunda levei sorte, porque agora tem uma mureta em volta de casa.”

ROTINA

O trabalhador de construção civil Valdir Julian estava indo ao mercado quando foi surpreendido pela chuva. Desistiu de seguir até o estabelecimento e quando retornou, encontrou uma “correnteza” passando na entrada de casa. “Tive que dar a volta por outro lugar para conseguir entrar onde moro e não ser levado. Antes vivia numa outra residência nessa região, mas de tanto ficar alagada me mudei e estou com meu filho. Moro no Perobal desde 1992 e sempre foi assim”, constatou.

Imóvel na rua Diógenes de Lima Bravo, ao lado da Escola Oficina Pestalozzi, foi um dos mais atingidos. O volume da água que veio das vias de cima do Perobal foi tão grande que derrubou o muro e o portão, que acabaram levados para o meio da rua. A situação ocorreu por volta da 0h30 de segunda, gerando apreensão de vizinhos, que ajudaram a moradora a retirar os animais que mantém do local, que é alugada e não tem seguro. Ela perdeu quase todos os móveis. Durante a tarde, a casa voltou a ser invadida e a mulher acabou deixando o lugar.

Muro e portão de residência foram levados: moradora foi embora
Muro e portão de residência foram levados: moradora foi embora | Foto: Ricardo Chicarelli/Grupo Folha

COBRANÇAS

“A água é força da natureza e ninguém pode com ela. Onde entra derruba. Só que a população está cansada de pedir melhorias para o bairro para resolver essas questões, porém, ninguém resolve nada. Então, estamos 'a Deus dará", criticou o pedreiro Cristiano Silva, que fez buracos no muro para ajudar no escoamento da água. “Precisam construir mais galerias pluviais, limpar os bueiros. Perdi as contas de quantas casas já foram alagadas nesse e nos outros anos. Só a minha foram quatro vezes. É tão feio que na chuva é mais seguro ficar na rua do que dentro de casa”, disse a dona de casa Cirlene dos Santos.

A reportagem entrou em contato com o secretário municipal de Obras e Pavimentação, João Verçosa, para saber se existe alguma melhoria prevista para o jardim Perobal, entretanto, ele estava em reunião.

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