Aurora Alzira da Costa vive na casa de repouso há cerca de três anos
Aurora Alzira da Costa vive na casa de repouso há cerca de três anos | Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress

Diariamente, dona Aurora Alzira da Costa é maquiada e recebe adereços das funcionárias da Casa de Repouso Nossa Casa, no jardim Shangri-lá, zona oeste de Londrina. Neste sábado (23) a preparação foi ainda mais especial. A ornamentação foi para uma visita ilustre e muita aguardada: a da vacina contra a Covid-19. Junto com os demais 20 homens e mulheres que vivem no lugar, a idosa recebeu os profissionais da secretaria municipal da Saúde com palmas.

Em meio à pandemia de coronavírus, o som gerado pelo encontro das mãos se tornou o barulho da vitória neste ano. Dona Aurora completou 100 anos de vida no início de janeiro. O presente veio agora e no braço, com a aplicação da primeira dose da Coronavac. Com a fala limitada por conta da idade avançada, o agradecimento e alegria pelo momento estiveram no olhar. Não só dela, como dos outros residentes que foram todos imunizados.

“A vacina é mais uma ferramenta na luta contra a Covid-19. Tem o objetivo de garantir imunidade, mas não quer dizer que vamos deixar de lado as demais medidas de segurança. É uma luz no fim do túnel que estávamos aguardando. Primeiro passo em direção ao fim da pandemia”, valorizou o médico da família da instituição, Adriano Brandão.

A entidade é privada e é uma das instituições de longa permanência consideradas prioritárias nesta primeira fase da campanha de vacinação. Os idosos são o principal grupo de risco do vírus e a maioria das vítimas fatais. A casa está em isolamento desde antes do primeiro caso da doença ser confirmado na cidade. As visitas foram suspensas, foi adotado o uso de equipamentos de proteção, assim como higienização constante.

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CARÊNCIA

Diante da carência gerada pela falta de contato com o mundo exterior, algumas alternativas foram criadas, como a cortina do abraço. “Tinham familiares que os buscavam todos os domingos para almoço ou vinham diariamente vê-los. Sem isso eles se sentem abandonados, por mais que falamos sobre o que está acontecendo. A cortina foi uma forma para terem contato, mesmo que limitado. A vacina nos traz esperança”, destacou Eliane Alves, enfermeira e responsável pela entidade. Foram intensificados ainda os trabalhos com a psicóloga.

FUNCIONÁRIOS

Em dez meses, nenhum caso confirmado da doença foi registrado entre os idosos. “Notamos uma redução dos casos de síndromes respiratórias, principalmente no inverno, como gripes e pneumonias (com os cuidados). Mensalmente todos são testados”, destacou Brandão. Os 17 funcionários da casa também foram imunizados com a vacina produzida pelo instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac. “É uma pressão sobre os funcionários essa pandemia. Mesmo que os protocolos continuam, dá um alívio esse momento. Todos estão alegres”, afirmou Eliane Alves.