Após mais de sete horas de julgamento, o tribunal do júri em Londrina condenou, na noite de terça-feira (7), Sandro de Jesus Machado, de 29 anos, pelo assassinato de Sara Manuele da Silva, que tinha nove anos. O padrasto da criança recebeu uma pena de 40 anos e dez meses de prisão, inicialmente em regime fechado, pelos crimes de feminicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável. O caso corre em segredo de Justiça.

Na avaliação do advogado da família da garota e assistente de acusação, a pena alta é exemplo para coibir novos casos parecidos. “A família foi muito sacrificada, aguardava por justiça, e agora tem uma virada de página. O Ministério Público está satisfeito com a condenação e a assistência de acusação também”, afirmou Henrique Almeida. A reportagem não localizou a defesa do réu. A decisão cabe recurso.

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O crime aconteceu em julho de 2019, na zona leste de Londrina. Sara foi dada como desaparecida, com o próprio padrasto registrando BO (Boletim de Ocorrência, até ser encontrada no dia seguinte sem vida e com sinais de violência, em um fundo de vale no jardim Abussafe. Na época, uma testemunha relatou que viu o homem entrando com a criança na mata e voltando na sequência sozinho.

Sandro Machado foi preso logo que o corpo foi achado e chegou a confessar a execução em depoimento. A investigação da Polícia Civil descobriu que Sara havia sido abusada sexualmente outras vezes pelo então padrasto e que no dia do crime ele a estuprou e depois asfixiou a menina. Ele ainda teria ofertado R$ 5 para que a criança não contasse para a mãe e com medo de que fosse denunciado, a matou.

NÉIAS

Durante o julgamento de Sandro, o Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina um ato em frente ao Fórum Criminal, na avenida Tiradentes, pedindo justiça por Sara e lembrando o assassinato de outas crianças na cidade e na região.

Por meio de nota, o Néias se pronunciou sobre o julgamento. "Acompanhar um julgamento como o do feminicídio de Sara é doloroso de múltiplas formas. Nos fere enquanto mulheres, enquanto mães e militantes. Não pudemos proteger Sara nem outras tantas meninas que tiveram suas vidas ceifadas por homens sádicos. Sara foi privada de brincar, de crescer, de se tornar uma mulher, de amar. Nunca superaremos isso. Como sociedade precisamos repensar o modo como tratamos nossas crianças - meninas e meninos. Não podemos nos permitir ser os mesmos após assassinatos cruéis como esses", diz trecho da nota do observatório.

"Néias-Observatório de Feminicídios Londrina se solidariza com todas as mães e famílias que perderam suas crianças de forma brutal como aconteceu com Sara e reforça seu clamor por uma mudança social de fato, quando poderemos garantir a proteção de nossas meninas e mulheres."

(Atualizada)

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