A Polícia Civil ouviu nesta terça-feira (13) o tio e a avó de Thiago Vinícius Rocha, de dois anos, além da primeira testemunha que viu a mãe e o padrasto da criança no Parque Ecológico Municipal Daisaku Ikeda, na zona sul de Londrina, após o desaparecimento, na noite do último sábado (10). O casal também prestou um segundo depoimento à delegada interina de Homicídios, Livia Pini, que identificou contradições no primeiro relato, ainda no fim de semana.

Uma das principais dúvidas é em relação ao contexto em que a criança teria saído do carro da família sem que fosse vista. “Seria um espaço muito estreito, o padrasto estaria num local próximo. É algo difícil de não se perceber. Existe a possibilidade de a criança ter saído em outro momento, mas não está claro isso”, destacou. Com a comoção e a repercussão em torno da história, o casal estaria sendo ameaçado. “Eles não são tratados como suspeitos ainda”, frisou a delegada.

Polícia Civil divulgou cartaz com informações do garoto desaparecido
Polícia Civil divulgou cartaz com informações do garoto desaparecido | Foto: Divulgação Polícia Civil

Os aparelhos celulares da mãe e do padrasto serão periciados. “Iremos avaliar se teve alguma interação entre eles sobre os fatos, algo que possa indicar se há alguma outra linha de investigação. Também vamos observar a localização que fica salva nos telefones”, explicou. Investigadores do Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas) buscaram imagens de câmeras de segurança dos locais em que a família esteve antes de chegar no parque.

O carro do casal teria rastreador e a rota feita no sábado deverá ser solicitada. O veículo também passará por inspeção. “Estamos aguardando o acesso ao laudo até para descartar uma outra ocorrência, por exemplo, que a criança tenha sido morta dentro do carro. Será feito o luminol para ver se acha vestígios de sangue”, detalhou. Um cartaz com a foto e informações do sumiço de Thiago Vinicíus foi divulgado pela polícia com telefones de denúncia. A possibilidade dele ter sido raptado é considerada remota.

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POSSÍVEL NEGLIGÊNCIA

A delegada destacou que, por enquanto, não há suspeita de que o casal tenha praticado homicídio doloso contra o garoto, ou seja, de forma intencional. “Estamos apurando uma eventual negligência no cuidado com essa criança, o que pode ter gerado um acidente”, pontuou. Caso as suspeitas sejam confirmadas, a responsabilização pode ser por homicídio culposo (sem intenção) ou abandono com resultado morte, se realmente a criança perdeu a vida.

BUSCAS

Nesta terça, o Corpo de Bombeiros realizou a quarta operação de buscas pela criança. Com dois barcos, eles percorreram o ribeirão Três Bocas por cerca de cinco quilômetros, porém, nada foi achado até o início da tarde. A movimentação diária de forças de segurança no lugar tem chamado atenção de moradores da região, que acompanham os trabalhos e lamentam a situação de abandono do Daisaku Ikeda, que há sete anos acumula destruição após fortes chuvas.

A área tem aproximadamente 120 hectares. “Andei pela mata e não encontrei nada e tenho observado os Bombeiros. É uma pena o sumiço deste garoto, mas isso reforça que esse parque precisa de uma intervenção urgente. Tem vez que a noite encontro vários carros aqui, sempre fico de olho, porque se acontecer algo em casa, sei de onde o veículo saiu”, comentou um morador, que preferiu não ser identificado.

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