Imagem ilustrativa da imagem Câmara começa discutir projeto sobre Bosque de Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O Bosque Marechal Cândido Rondon, localizado entre o Colégio Mãe de Deus e a Catedral Metropolitana de Londrina, na região central de Londrina é uma APP (área de preservação permanente) desde 2012. No entanto, os constantes problemas relacionados à superpopulação de pombos, falta de segurança e sujeira transformaram o local em um espaço que tem sido evitado pelos moradores de seu entorno e suscitam debate sobre o futuro do espaço. Para realizar intervenções no local e, consequentemente, melhorar a situação do espaço, a prefeitura protocolou na Câmara de Vereadores um projeto de lei que altera a classificação do bosque de APP para praça pública.

A admissibilidade do projeto entra em pauta para discussão nesta terça-feira (18) na Câmara de Vereadores. Depois, o plenário precisa votar se admite a tramitação do projeto antes do recesso. Caso seja admitido, o projeto será enviado para a Comissão de Justiça da Câmara Municipal e depois segue para outras comissões temáticas. Paralelamente, o texto será analisado pela comissão de Políticas de Meio Ambiente. Se o projeto passar por todos esses processos, provavelmente será votado no segundo semestre.

O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), explicou que o projeto altera somente a conformação jurídica do local voltando à configuração inicial que era uma praça. Ele afirmou que a rua Piauí não será aberta no trecho que atravessa o bosque. “Nós estamos criando uma condição de praça para podermos revitalizar aquele espaço”, defendeu. “Quando existe uma área de preservação permanente você fica muito limitado nas suas ações e essa discussão foi feita anos atrás quando foi falado sobre se deveria ou não abrir o bosque com ruas, mas esse não é nosso objetivo”, pontuou. Ele ressaltou que ao transformar o local em praça será possível retirar vegetações não nativas e buscar uma solução definitiva para os pombos que afetam toda a população da região central.

O prefeito afirmou ainda que há várias árvores condenadas e outras que colocam riscos à população. “A ideia é refazer o bosque. Trocar iluminação, calçada, equipamentos públicos, entre outros, para fazer uma grande praça”, acrescentou.

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| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

A rotariana Fátima Moreira Lima, que atua em um projeto que transforma guarda-chuvas em sacos de dormir para moradores em situação de rua, apoia a ideia de que o local deva ser transformado em praça, mas sem derrubar árvores. “ Aqui há falta de limpeza e de manutenção, mas isso pode ser feito sem tirar árvores." Moradora do Centro, ela aponta o mau cheiro e a falta de manutenção como os piores problemas do espaço. Segundo ela, o local já foi uma praça e era bem melhor cuidado que hoje. “Eu me lembro que ao passar por aqui sempre tinham muitas crianças brincando. Agora ficou tão descuidado”, declarou.

“Isso aqui é uma área ambiental. As árvores devem ser preservadas.Para fazer qualquer mudança é preciso apresentar o projeto para a comunidade para ver se aprovamos”, declarou o músico Ricardo Gonzaga. “Precisa de uma discussão melhor para esclarecer qual a vantagem do bosque ser uma APP e qual a vantagem de ser uma praça”, acrescentou o professor Maurício de Castro.

O corretor imobiliário Alencar Bezerra citou a necessidade de aumento de segurança no espaço e acredita que o “bosque é muito bonito, mas uma praça atrai muito mais gente”. “Nesse bosque tem muito malandro. Quem sabe em uma praça atenda muito mais as famílias”, argumentou.

A presidente da Associação de Moradores do Centro, Solange Gaya, ressalta que a entidade não é contra as árvores, mas afirma que o bosque como APP não permite que se mexa em nada. “Dá a impressão de abandono, de descuido. É um passeio que existe desde o início de Londrina e a nossa intenção é de que o espaço volte a ser uma praça pública, com estudo científico para preservação das árvores e tudo de bom que deva ser preservado”, declarou

Conforme o presidente da Comissão Permanente de Política Urbana e Meio Ambiente da Câmara, o vereador Gerson Araújo (PSDB), um grupo de trabalho com mais três pessoas do Executivo e três da Associação de Moradores foi criado para discutir o assunto.

DOAÇÃO DA CTNP

O Bosque Marechal Cândido Rondon possui uma área de 21.235,89 m², dividida em duas partes, delimitada pelas vias Padre Bernardo Greiss (norte), Pará (sul), Rio de Janeiro (leste) e São Paulo (oeste). O terreno foi doado pela CTNP (Companhia de Terras Norte do Paraná) ao município, com o objetivo de expor o quanto as terras eram férteis aos compradores dos lotes, na década de 1930.

Mas a área verde logo foi apropriada pelos frequentadores e passou a ser utilizada para a realização de piqueniques, atividades recreativas, missas, encontros e manifestações políticas de alunos tanto do Colégio São Paulo e como do Colégio Mãe de Deus.

Na década de 1950 o local recebeu viveiros de animais, um parque infantil, calçadas e passeios públicos na área interna.

Na década de 1970 o local foi cortado para a implantação do terminal de ônibus urbano da cidade. Em um tempo em que não havia tarifa integrada ou terminais de bairros, o local passou a receber o fluxo de quase todos os ônibus urbanos que circulavam na cidade. Essa condição só mudou quando o terminal de ônibus se mudou para a rua Benjamin Constant, no fim da década de 80.

O Zerinho, local para a prática da caminhada, foi inaugurado na década de 1990, no local onde antes circulavam os veículos de transporte coletivo. A possibilidade de reabrir a rua Piauí foi aventada na década de 2010, mas foi rechaçada por ambientalistas. (Colaborou Fernanda Circhia)