Com a volta das aulas na rede municipal de educação, programada para o dia 7 de fevereiro, mais de 40 mil alunos devem retornar às escolas em Londrina. Mas uma presença muito especial deve marcar o início do ano letivo na Escola Municipal Professor Joaquim Pereira Mendes, na região oeste.

“O Yoda não vai ser um pet da escola, ele tem um objetivo, um propósito”, explica a professora Marianna Nogueira
“O Yoda não vai ser um pet da escola, ele tem um objetivo, um propósito”, explica a professora Marianna Nogueira | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O cabrito Yoda, que tem quatro meses de vida, será o mais novo integrante a frequentar a sala de recursos, da educação especial, que atende cerca de 70 crianças, a partir do 1º ano do ensino fundamental. A proposta é da professora Marianna Nogueira. Ela é formada em Pedagogia e se especializou em Psicopedagogia e em Educação Especial.

No dia a dia, ela atende alunos no contraturno escolar de forma a complementar o aprendizado no ensino regular. Para isso, ela e outras professoras especialistas utilizam jogos e propõem atividades pedagógicas específicas para que crianças com transtornos globais de desenvolvimento, como deficiência intelectual, TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e outras síndromes, desenvolvam suas potencialidades.

Só que desta vez a equipe contará com a presença de Yoda, que nasceu em um sítio da família de Nogueira e está apto a frequentar o ambiente escolar. Com o aval da secretaria municipal de Educação e da gerência de Educação Especial, o cabrito teve sua primeira experiência na escola, no final de 2021.

“Fizemos visitas guiadas junto com o professor, ou seja, os alunos iam até o espaço onde o Yoda ficava para interagir com ele ou quando as crianças estavam no parque, eu o levava para a turma conhecê-lo. As crianças e os professores adoraram e poucos alunos tiveram medo. Os que ficaram com um certo receio eram aquelas que não têm muito contato com animais em geral”, conta.

Imagem ilustrativa da imagem Cabrito Yoda vai à escola em Londrina
| Foto: Divulgação - Marianna Nogueira

DESEJO ANTIGO

Sensibilizada com a causa animal há muitos anos, a professora Nogueira diz que a ideia de levar animais para as salas de aula é um desejo antigo, desde quando esteve à frente da ONG SOS Vida Animal, de Londrina, nos anos 2000.

“Desde essa época nós tínhamos, enquanto equipe, planos de educação voltados para a proteção animal e de terapia assistida por animais. Só que era difícil viabilizar porque não se tinha projetos desenvolvidos no município nesse sentido, o que acabava tornando tudo mais difícil. Nos últimos anos, a sensibilização com os animais tem sido maior entre a população e a cidade foi ganhando novos projetos. Foi uma abertura para dar início ao projeto”, diz.

Fora do Brasil, como nos Estados Unidos, por exemplo, a TAA (Terapia Assistida por Animais) e a presença deles como apoio emocional de crianças que possuem algum tipo de transtorno, já estão muito bem estabelecidos, com resultados comprovados. No Brasil, Nogueira ainda vê muitos desafios. Ela lembra que até os cães guias, adestrados especialmente para ajudar deficientes visuais, ainda encontram muitas barreiras no País.

Nogueira fará relatórios sobre a interação de cada aluno com o animal porque entre os objetivos desta experiência é reunir dados para uma pesquisa e ampliar a abertura de animais em ambientes escolares. “O Yoda não vai ser um pet da escola, ele tem um objetivo, um propósito”, pontua.

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BENEFÍCIOS

Os ganhos deste tipo de intervenção com crianças são diversos, nos âmbitos social, cognitivo e físico. Nogueira explica que algumas crianças com TEA não verbalizam ou podem se mostrar bastante agitadas, desenvolvendo muita ansiedade. Em outras que têm o transtorno opositor, as dificuldades são com regras, limites.

Yoda teve a  sua primeira experiência na escola no final de 2021, quando foram realizadas visitas guiadas
Yoda teve a sua primeira experiência na escola no final de 2021, quando foram realizadas visitas guiadas | Foto: Divulgação - Marianna Nogueira

“A presença do animal possibilita uma melhora na comunicação porque o aluno vai usar uma forma de comunicação com ele e com a gente também. Ajuda a impor regras, limites, empatia e na interação social como um todo. Além disso, o ambiente todo muda, ficando mais leve”, explica.

O fato de Yoda ser um cabrito também é outro ponto positivo. Ele desperta ainda mais a curiosidade das crianças por não ser um animal com o qual elas costumam conviver. “E muda também a percepção de todos em relação aos animais de fazenda. O Yoda é dócil, super inteligente, e as crianças começam a perceber que ele interage, mantém contato visual, aprende e atende pelo nome”, conta.

RAÇA MINI CABRA

Yoda é da raça mini cabra e atinge uma média de 30 a 40 cm de altura. Ele é considerado um animal doméstico porque é alimentado e convive com pessoas. “Dessa forma, a legislação permite a presença dele no perímetro urbano”, diz. E se Yoda já desperta olhares curiosos quando passeia pelo Bosque Central, dá para imaginar como será em sala de aula.

“Minha ideia é que o Yoda fique na escola todos os dias, até porque quando surgir uma situação de agitação, por exemplo, a criança poderá interagir com ele. Só o fato de observá-lo comendo a graminha ou fazendo uma brincadeira, já é interessante. A questão de bem-estar animal entrou no currículo escolar e o Yoda ajudaria a desenvolver esse tipo de cuidado também com as crianças das salas regulares”, comenta.

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