A TCE Engenharia, que está construindo a trincheira entre as avenidas Rio Branco e Leste Oeste, informou a Secretaria Municipal de Obras que só deve começar a implantar a ciclovia no trecho com a Tiradentes a partir de 14 de fevereiro de 2022. O local é conhecido pelas barraquinhas de lanche que há décadas estão no mesmo ponto e que na semana passada foram pegos de surpresa com a notícia de que seriam retirados do canteiro.

O aviso da construtora de que os trabalhos começam no ano que vem foi dado em ofício enviado na última sexta-feira (26). Nele, o representante da TCE, Guilherme Zilnyk, diz que o pedaço da Rio Branco entre a Leste Oeste e a Tiradentes terá que ser interditado para as obras. Como a FOLHA já mostrou, o projeto da prefeitura consiste na demolição de calçadas, mudanças nas bocas de lobo e diminuição do canteiro central para implantação de faixas exclusivas de ônibus.

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Com as alterações viárias, os taxistas também terão que deixar a via. A reportagem apurou que o secretário de Obras, João Verçosa, comunicou nesta segunda (29) a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) sobre o prazo estipulado pela TCE. Procurada, a assessoria de imprensa da companhia disse que ainda não tinha recebido o ofício, mas garantiu que os ambulantes serão chamados assim que o documento chegar.

Imagem ilustrativa da imagem Barraquinhas de lanche só vão sair da Rio Branco no ano que vem
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

De acordo com a prefeitura, os custos da ciclovia estão dentro do contrato da trincheira, assinado em dezembro do ano passado. Somando verbas municipais e federais, o investimento gira em torno de R$ 25,5 milhões.

Reflexo da saída

Com o passar dos anos, as barraquinhas de lanche da Rio Branco ganharam a fama de matar a fome de muitos londrinenses na madrugada. Esse é o objetivo de José Carlos dos Anjos há 33 anos. Dono da Dogão Lanches, respirou aliviado ao ser avisado pela FOLHA do início da construção da ciclovia. Mesmo assim, lamentou o fato de ter que sair da avenida que virou sua segunda casa. "É triste, mas vou fazer o quê? Comecei o negócio com minha família mesmo, mas as coisas foram melhorando. Hoje, consigo empregar muita gente, seja direta ou indiretamente", relatou.

Apesar de ainda não ter sido chamado na CMTU para escolher outro ponto, o comerciante já encontrou uma alternativa. "Conversei com o pastor de uma igreja evangélica aqui mesmo (Rio Branco) pra ficar em um cantinho. A clientela é toda dali, é difícil sair da região", resumiu.