A Polícia Civil indiciou o barman Aron Dantas, 22, por dois homicídios duplamente qualificados pelas mortes com golpes de faca dos jovens Julia Garbossi, 23, e Daniel Suzuki, 23, no último dia três de setembro, no jardim Jamaica, zona oeste de Londrina. “As qualificadoras foram motivo torpe e recurso que dificultou a defesa das vítimas, uma vez que estavam dormindo no momento dos fatos. Além disso, estavam no ‘local errado, na hora errada’, conforme o próprio autor dos fatos disse”, elencou o delegado de Homicídios, João Reis.

Além dos assassinatos, o rapaz atacou uma outra jovem, de 24 anos, que sofreu cortes nas mãos e nos braços, mas sobreviveu. As vítimas executadas eram amiga e namorado dela. Por este crime ele foi indiciado por perseguição no contexto de violência doméstica, tentativa de homicídio por motivo fútil, recurso de que dificultou a defesa da vítima e tentativa de feminicídio. “Deixando bem claro que no crime de homicídio o feminicídio é uma qualificadora para aumentar a pena”, explicou.

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O delegado comentou que o MP-PR (Ministério Público do Paraná) ou a Justiça podem ter outro entendimento sobre o inquérito, finalizado nesta terça-feira (12), e avaliar que houve desistência voluntária no caso da vítima sobrevivente. “Nesta situação a pessoa só responde pelos atos praticados, no caso, seria lesão corporal, porque ele não consumou (o terceiro homicídio). Porém, entendo nesta situação que como a vítima teve que inventar uma história, ele acabou sendo enganado e não desistiu de forma totalmente voluntária”, afirmou.

De acordo com o depoimento da jovem, ela “negociou” com o Aron para que ele a levasse na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do jardim Sabará, sob o argumento de que não revelaria o que aconteceu e justificaria que havia sido vítima de um assalto. Na unidade, ela conseguiu pedir ajuda e o rapaz foi preso em flagrante.

CARTAS

O inquérito apontou que o crime ocorreu por conta de um sentimento amoroso do rapaz não correspondido pela sobrevivente. Ele e a vítima trabalharam juntos num bar na cidade. No interrogatório, a jovem frisou que tinha um relacionamento de amizade com rapaz, entretanto, ele teria tentando levar a convivência para uma questão amorosa, o que fez com que ela se afastasse. “Durante a limpeza da residência foram encontradas duas cartas em que ele declara amor por ela e entrega telas em branco, já que ela faz pinturas em tela. Esse material foi apreendido e será anexado aos autos do processo.”

Cópias de conversas também serão acrescentadas no processo para reforçar a tese de que Aron perseguia a vítima nas redes sociais, inclusive, com perfis falsos. O rapaz foi transferido na semana passada para o Complexo Médico Penal, em Pinhas, na Região Metropolitana de Curitiba, após tentar tirar a própria vida, pelo menos, duas vezes em Londrina.

IMPUTABILIDADE

A Polícia Civil informou que a defesa do rapaz alegou que ele teria laudo de esquizofrenia. A expectativa é que seja pedido o exame de sanidade mental para indicar se ele é imputável, semi-imputável ou inimputável, ou seja, se pode responder pelos atos praticados. A reportagem entrou em contato com o advogado de Aron Dantas, mas não obteve resposta até a finalização da matéria.

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