Operários que atuam na construção da trincheira no cruzamento das avenidas Leste-Oeste e Rio Branco, em Londrina, começaram o dia de braços cruzados. Por conta do impasse, a interdição total da rotatória, que estava previsto para as 9h30 desta quarta-feira (23), só pôde ser efetivada cerca de uma hora e meia depois do horário anunciado pela prefeitura. Os trabalhadores paralisaram os serviços durante a manhã alegando que a empresa não estaria cumprindo com direitos trabalhistas.

O principal problema envolveria aqueles que foram dispensados nos últimos 30 dias, que não estariam recebendo a multa de 40% sobre o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e a rescisão trabalhista. "Minha rescisão era para ter sido paga dia 18 de março. A empresa informou que está com bloqueio nas contas”, afirmou o operador de escavadeira Julio César de Freitas, que disse que foi desligado em sete de fevereiro. “O mês está virando e tem aluguel e conta para pagar. Sou assalariado, dependo desse dinheiro”, reclamou.

De acordo os operários, entre fevereiro e março de 20 a 30 homens teriam sido demitidos. “O prazo para me pagarem vence na semana que vem e não sei se vou receber. Se trabalhamos, temos direito”, argumentou Manoel Gonçalves, operador de rolo. Os funcionários que seguem contratados resolveram parar em solidariedade aos demais. Entretanto, vários deles disseram que o FGTS não estaria sendo depositado pela empreiteira nas contas há vários meses. “Também não pagam hora-extra", alegou um trabalhador, que preferiu não ter o nome divulgado.

Segundo João Verçosa, secretário municipal de Obras e Pavimentação, a empresa garantiu para a prefeitura, por volta das 10h, que tudo estava resolvido. “Oficialmente, por meio da fiscalização, não temos conhecimento desse fato (da falta do FGTS). Até o momento não tínhamos nenhum problema. Em toda a medição que é feita a empresa apresenta as guias de recolhimento. Não existe, nesse momento, nenhum questionamento oficial dentro da prefeitura em relação a isso”, destacou.

Operários ficam em frente ao canteiro de obras esperando respostas da empreiteira
Operários ficam em frente ao canteiro de obras esperando respostas da empreiteira | Foto: Pedro Marconi - Grupo Folha

ESCAVAÇÕES

Somente depois de os operários colocarem fim ao ato é que a rotatória foi interditada. A medida é necessária para o avanço da obra, que teve início em janeiro do ano passado e o prazo para entrega vence em janeiro de 2023. “Essa interdição é fundamental para que a empresa possa dar continuidade nas escavações. Temos um longo trabalho pela frente ainda, que é cravar as estacas, fazer os muros de contenção e a escavação em si”, explicou Verçosa, acrescentando que a interdição vai permanecer, praticamente, todo o tempo da obra.

TRÂNSITO

A partir de agora, os motoristas que passam pela região precisam ficar atentos às mudanças no trânsito. “Pedimos paciência para os motoristas, principalmente aqueles que estão descendo pela avenida Rio Branco. Eles terão, obrigatoriamente, que entrar à direita na Leste-Oeste, ir até a rua Natal ou João Pessoa e fazer o retorno pela Leste-Oeste até a continuação da Rio Branco, em direção a Winston Churchill”, orientou Sérgio Dalbem, diretor de Trânsito da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização).

Outra alteração no entorno foi a abertura da rua Cabo Verde - passando pelo espaço onde era canteiro -, que tem sentido único e ganhou semáforo. Nesta semana, a FOLHA mostrou que o valor da construção da estrutura subiu de R$ 25,5 milhões para R$ 29,8 milhões. A prefeitura autorizou um aditivo de R$ 4,4 milhões, atendendo pedido de reequilíbrio econômico-financeiro feito pela construtora, que alegou aumento nos preços dos insumos.

Motoristas têm dois acessos para seguir sentido zona norte
Motoristas têm dois acessos para seguir sentido zona norte | Foto: Divulgação CMTU

A reportagem procurou a TCE Engenharia, que tem sede em Curitiba, no entanto, não obteve resposta para a demanda até o fechamento dessa matéria.

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