Conforme decisão do juiz Paulo César Roldão, da Vara do Tribunal do Júri de Londrina, Jander Bezerra da Silva, 29, acusado de assassinar a tiros William Aparecido Henrique Ferreira, 25, será submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri. O crime ocorreu em 27 de fevereiro em uma farmácia localizada na Avenida Inglaterra, zona sul, na qual a vítima trabalhava.

O júri ainda não tem data marcada, mas deve ocorrer até o início do ano que vem, prevê a defesa do acusado. Considerando a “gravidade concreta do crime e a periculosidade do agente”, o magistrado manteve a prisão preventiva do réu, recolhido na CITL (Cadeia Pública Masculina de Londrina) desde o dia do ato.

Silva é réu por homicídio qualificado com motivo torpe, tendo como agravantes o ciúmes que sentia do homem por conta de um relacionamento prévio com sua esposa e recurso que dificultou a defesa de Ferreira, visto que o tiro foi efetuado pelas costas, surpreendendo o funcionário. Se condenado, estará sujeito a reclusão de 12 a 30 anos.

Para proferir a sentença de pronúncia, Roldão levou em conta a prisão em flagrante, realizada pela PM (Polícia Militar) horas após o crime, os boletins de ocorrência, gravações de câmeras de segurança, os laudos de necropsia e de local de morte, a certidão de óbito da vítima e os depoimentos colhidos ao longo do processo.

Apontou ainda que existem indícios suficientes de autoria, levando em conta a confissão do réu e o que foi atestado por informantes e testemunhas, incluindo a esposa e o chefe de Silva, ex-esposa da vítima, funcionários da farmácia e dois policiais que atenderam o caso no dia.

Em denúncia aceita pela Justiça em março, o MP-PR (Ministério Público do Estado do Paraná), pediu uma indenização de cem salários mínimos, cerca de R$ 150 mil, à família de Ferreira, para reparação de danos morais.

DEFESA

O assassinato ocorreu na farmácia em que a vítima trabalhava, por volta das 11h do dia 27 de fevereiro. O réu teria entrado no estabelecimento e pedido um remédio, efetuando o primeiro disparo, que falhou, assim que Ferreira se virou para as prateleiras. O atendente caiu no chão e deu alguns passos para trás, quando foi atingido na cabeça e morreu na hora. O projétil ficou alojado em sua nuca.

Silva foi localizado cerca de quatro horas depois, ainda na zona sul, e preso. A motocicleta utilizada no homicídio foi encontrada e apreendida, assim como quantidades de maconha, cocaína e ecstasy encontradas em sua casa. Também no local, embalagens, um rolo de papel-filme, e uma faca e balança com resquícios de maconha apontaram a possibilidade de envolvimento em tráfico de drogas, de acordo com a PM.

A advogada de defesa, Indyanara Pini, pontuou que “em relação ao tráfico, como os processos não tramitam em conjunto, não vamos nos manifestar neste momento”. Sobre a decisão do juiz de levar seu cliente a júri popular, afirmou que já era o esperado, visto que é o procedimento de praxe em crimes contra a vida, e não irá recorrer.

“Como é um procedimento padrão legalmente assegurado ao Tribunal do Júri, que o julgamento do caso seja a respeito de modificação de qualificadoras, retirada de qualificadoras, absolvição e afins, o recurso nessa situação seria um ato inócuo por parte da defesa, não há nenhum motivo para isso, então respeitamos a legislação e vamos submeter ao Tribunal as questões a serem discutidas como teses defensivas do Jander”, explicou.

Informou que, durante a audiência de instrução realizada em maio, “o réu pôde só esclarecer as circunstâncias do delito, e isso também será esclarecido em Tribunal do Júri perante os jurados”. Disse ainda que a sentença irá transitar em julgado, ou seja, não caberá mais recursos contra a decisão, e o processo será iniciado na competência do Tribunal.

Provas e documentos pertinentes serão apresentados dentro do prazo que será estabelecido, sem data definida para o julgamento. “Eu acredito que será ainda este ano, como ele está preso, o julgamento tem prioridade. A pauta é da Vara do Tribunal do Júri, mas acredito que tentarão encaixá-lo até dezembro, se não, no começo do ano. Não vejo isso (indo) muito mais longe”, espera Pini.

‘ACABEI COM A MINHA FAMÍLIA’

Quando foi interrogado no dia 05 de maio, em audiência por videoconferência promovida na 1ª Vara Criminal de Londrina, Silva assumiu a autoria do crime, afirmando que não foi planejado e que agiu devido ao suposto contato recorrente que Ferreira buscava ter com sua esposa. "Sou cidadão de bem e nunca havia me metido com crime", alegou.

O homem não quis responder onde havia conseguido a arma, reiterando que cometeu o homicídio porque a vítima estava “insistindo demais”. “Eu surtei, saí do meu serviço, em horário de serviço, peguei a minha própria moto e acabei com a minha família, com os meus filhos que amo. Agora estou longe deles e não é fácil não”, afirmou.

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