À espera de solução para a estrada
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 04 de janeiro de 2018
Pedro Marconi<br>Reportagem Local

Para moradores de alguns distritos rurais de Londrina o novo ano começou assim como o anterior: com velhos problemas. A situação precária da estrada que vai até Guairacá, na região sul, é alvo constante de reclamações, além de trazer diversos prejuízos a motoristas. Entre as principais complicações estão os constantes buracos, desníveis e pedras soltas. Durante o período de chuva, muito comum no verão, a situação piora com o lamaçal que se forma.
LEIA MAIS
Atenção a todos os distritos
Moradores pagam por melhorias
Na semana após o Natal, o autônomo Rogério Ramos Petriu completou oito dias com o caminhão parado em um posto de combustíveis em Tamarana (Região Metropolitana de Londrina). Com o veículo carregado de farelo de milho, ele não conseguia entregar a carga em um sítio de Guairacá. Tudo por conta da rodovia Gustavo Avelino Correia. "Onde não tem moledo, não dá para transitar. Não há pneu que aguente", diz ele, que chegou a trocar o tipo de carga que transportava por conta do trajeto. "Carregava 'puxando areia', mas era tanto prejuízo que desisti. É revoltante", constata.
A comerciante Solange Ferreira guarda tristes recordações da estrada. Foi num final de ano de 2013 que ela perdeu o pai em razão do atolamento do carro de socorro enquanto levava-o para o hospital. "Ele quebrou a perna e a ambulância já demorou a chegar pois estava chovendo. No meio do caminho o carro parou no barro e tive que ajudar a desatolar. Foram cerca de 45 minutos até conseguirmos. Nisto meu pai teve embolia pulmonar e faleceu tempo depois", relembra. Segundo populares, uma mulher morreu há poucas semanas em decorrência de um enfarte esperando a ambulância, que não conseguiu chegar a tempo, mais uma vez pelo caminho ruim, apontam.
As perdas também são no bolso com as dificuldades de escoamento da safra dos agricultores e de carregamentos que precisam ser levados até o local. "Nas festas de final de ano perdi R$ 4 mil porque o caminhão de bebidas não teve como trazer com a lama. Tentamos fazer um estabelecimento melhor, mais falta estrutura. Se tivéssemos uma estrada boa iríamos economizar com toda a certeza", acredita Ferreira, que é dona de um bar. Ela ainda conta que moradores chegam a mudar o endereço no currículo para as empresas não temerem que eles faltem em dias de tempo nublado. Cerca de três mil pessoas moram na região.
'NOVELA'
Na entrada do distrito, uma placa do governo estadual anuncia a colocação de pedras poliédricas com um investimento de cerca de R$ 1,4 milhão. Com a exceção de um trecho, porém, o restante não recebeu o serviço. O convênio entre prefeitura e Estado foi firmado em 2013 e desde então o trabalho vem sendo alterado ou atrasado. Somente em 2017, as obras foram paralisadas em duas oportunidades. Os materiais que seriam usados se amontoam em pilhas à beira da estrada.
Em dezembro, o executivo anunciou que a pavimentação da estrada do distrito rural deverá ser iniciada em março. Um convênio foi assinado com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento para a obra. A colocação de pedras irregulares vai contemplar um trecho de 6,38 quilômetros, que será feita da ponte do Ribeirão Guairacá até o patrimônio.
Para os populares, a reivindicação é antiga e trará melhorias. "O que temos aqui é muito ruim. Se em dia de chuva temos lama, em períodos de sol é a poeira. Perdi as contas de quantas pessoas já tiveram que gastar dinheiro por conta de veículo estragado. Cansamos de cobrar e esperar. Tomara que desta vez saía, porque até o momento só vimos promessa", critica o aposentado Júlio Barbata.
DENTRO E FORA
Não é somente fora do distrito que a pavimentação é um obstáculo. Dentro, os desgastados paralelepípedos levam sujeira para as casas, posto de saúde e comércios. A falta de acessibilidade, com meios-fios avariados, também é outra questão levantada pelos moradores ouvidos pela reportagem. "Estamos largados à própria sorte", lamenta Barbata.

