Depois de quase dois anos de atividades remotas, a UEL (Universidade Estadual de Londrina) pretende ter um retorno gradual às aulas presenciais a partir de segunda-feira (24). A instituição avalia diariamente a situação epidemiológica da Covid-19 em Londrina e não descarta uma suspensão da volta às aulas, mas, até a manhã desta quinta-feira (20), o cronograma atual estava mantido.

Imagem ilustrativa da imagem Ansiosos com a volta às aulas, alunos aprovam normas sanitárias da UEL
| Foto: Roberto Custódio - 21-09-2021

Ao contrário de outras universidades estaduais como a Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná), a UEL não exigiu um comprovante vacinal contra a Covid-19 para esse retorno, mas fez um questionário com a comunidade universitária sobre a imunização. Até segunda-feira (17), de um total de 21.862 pessoas que fazem parte dessa comunidade, entre alunos, docentes e agentes universitários, 13.941 responderam o formulário e a média de vacinados é de 98,85%, segundo a UEL. O retorno das atividades presenciais seguirá um protocolo sanitário estabelecido pela instituição, que traz instruções como o distanciamento físico e uso de máscaras.

PELO MENOS A PRIMEIRA DOSE

O clima entre os alunos é de ansiedade para rever os colegas e professores in loco. “Nós tivemos dois anos de aulas remotas e não vejo a hora de retornar ao presencial, especialmente por conta do meu curso, que é muito difícil fazer on-line”, contou Lucas Barbosa, 22, estudante do 4º ano de artes cênicas. “Estou bem ansioso para voltar por causa do conteúdo que vai ser apresentado da melhor forma que é presencialmente. Mesmo com todas restrições de manter o distanciamento, só de estar na mesma sala já vai ser muito gratificante”, complementou.

Barbosa disse ter achado “coerente” as medidas sanitárias da universidade, que foram repassadas aos estudantes em uma reunião virtual com o colegiado de curso. Apesar do receio de contaminação continuar, ele acha que agora é o tempo certo para retornar ao campus. “Tenho certeza que vamos voltar com as melhores condições possíveis. É difícil se sentir 100% confortável, mas sinto que, pelo menos, está sendo feito tudo que é possível para termos mais segurança”, afirmou.

O alto índice de vacinação também é um fator que dá mais tranquilidade ao jovem. “Poderia ser 100% de vacinados, mas é um número próximo que dá um conforto a mais. Eu acredito que deveria ser obrigatório ter tomado pelo menos a primeira dose para entrar no campus, mas também entendo o posicionamento da Universidade em não tomar essa decisão”, opinou Barbosa.

CAFÉ NA CANTINA

Elisa Bresser Dias, 24, do 4º ano do curso de pedagogia, disse ter um receio da readaptação às aulas in loco depois de se acostumar com as atividades remotas. Entretanto, a saudade das particularidades do ensino presencial é mais forte. “Eu sinto falta dos colegas e professores, das conversas paralelas na sala e da interação com outros cursos do Ceca (Centro de Educação, Comunicação e Artes)”, relatou. “A primeira coisa que farei ao chegar na UEL vai ser pegar um café na cantina, sentar na praça do Ceca e pensar como é bom estar de volta ao campus”, projetou.

A estudante gostou das medidas sanitárias e acredita em um retorno seguro até por conta das características físicas do campus, que é amplo, aberto e tem salas com várias janelas para ventilação. Levando em consideração os dados de vacinados apresentados pela UEL, Dias aprovou a decisão de não exigir o comprovante vacinal. “Vimos a importância da vacina na diminuição de casos graves recentemente, mas acho incabível exigir a imunização e restringir essa meia dúzia de gatos pingados que não se vacinou”, avaliou.

FALTA CONTATO PRÓXIMO

Willian Bruno Oliveira, 23, do 4º ano de engenharia civil, é outro que está positivamente ansioso. “Academicamente, é muito melhor estar presencialmente com professores e amigos de turma”, comentou. “Eu tenho uma condição boa, tenho um computador pessoal, moro em uma casa silenciosa, mas mesmo assim não consegui me adaptar ao ensino remoto. Falta o contato próximo de uma pessoa para te explicar o conteúdo e é mais cansativo ficar em frente ao computador por muito tempo”, explicou.

O futuro engenheiro também acha que a exigência do comprovante vacinal não é necessária no contexto da alta taxa de imunizados na comunidade universitária e pensa que as medidas sanitárias da UEL são boas, mas podem não ser suficientes. “O colegiado nos passou um vídeo explicando as medidas sanitárias e acho que são totalmente necessárias, mas creio que não serão suficientes para evitar a transmissão da doença, até pela dificuldade em controlar o vírus em qualquer lugar e porque nem todos vão seguir as normas à risca”, ponderou. “Mas acho que estão fazendo o que é possível. Mais do que estão planejando demandaria um esforço muito grande para um retorno pequeno”, concluiu.

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