Nos Estados Unidos e em países da Europa, a população pode comprar ou conseguir gratuitamente testes de Covid-19 para serem realizados em casa. A própria pessoa coleta o material, com a ajuda de um swab (um cotonete longo e estéril) e o deposita sobre um superfície que aponta ou resultado negativo ou positivo para o Sars-CoV-2. Esses testes de antígenos são mais baratos que o PCR justamente por serem mais simples.

Imagem ilustrativa da imagem A liberação do autoteste para Covid-19 no Brasil
| Foto: Ina Fassbender/AFP

No Brasil, o autoteste de Covid não é autorizado por causa de uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que entrou em vigor em 2015. Uma das justificativas da agência para proibir que os leigos possam usar produtos que tenham a finalidade de diagnóstico é quanto ocorrência de erros no uso do exame que levariam a resultados incorretos. A outra seria quanto ao impacto que o resultado pode causar no cidadão.

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Mas essa mesma resolução da Anvisa diz que a proibição pode ser “afastada pela Diretoria Colegiada”, conforme estratégias e políticas públicas instituídas pelo Ministério da Saúde. Isso já ocorreu em 2016, quando os autotestes de HIV foram autorizados e hoje são comercializados em farmácias, além de serem distribuídos gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

De acordo com dados do portal Our World In Data, ligado à Universidade de Oxford, no Reino Unido, o Brasil atualmente faz apenas 0,23 testes por mil habitantes, índice menor que em lugares como Alemanha (2,61), Argentina (2,15) e Estados Unidos (3,96). Esse número atingiu seu pico no começo de outubro de 2021, quando o país chegou a 2,51 testes por mil pessoas.

Nesse momento em que o Brasil vive uma nova onda de infecções de Covid-19, a ampliação da testagem seria importantíssima pois a medida é, inclusive, recomendada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para enfrentar a disseminação do coronavírus. Há expectativa de que o Ministério da Saúde solicite nesta quarta-feira autorização da Anvisa para venda no Brasil dos testes que podem ser feitos em casa para detecção do coronavírus.

A pandemia do coronavírus não seria um bom momento para que a Diretoria Colegiada reformulasse suas estratégias e liberasse o autoteste para o Sars-CoV-2 no Brasil? Seria uma forma de evitar que pessoas com comorbidades enfrentem filas e longa espera em laboratórios e farmácias, depois de passarem em em prontos atendimentos para ter o pedido médico para realização do exame. Além disso, a liberação pode representar um alívio ao sobrecarregado sistema de saúde.

Relatos de brasileiros que moram ou visitaram países europeus em que os autotestes são liberados dão conta de que eles podem ser comprados por qualquer pessoa, em estabelecimentos como mercados e farmácias. O preço varia bastante. Em entrevista à FOLHA, um casal disse ter pago 4 euros no teste feito em casa.

É claro que a população precisa ser conscientizada sobre o que fazer de posse de um resultado positivo (como notificar as autoridades sanitárias) ou até do agravamento dos sintomas. Testagem em massa, informação, vacinação e manutenção das medidas de prevenção são fundamentais para vencer essa nova onda da doença.

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