O Coral da UEL, sob a regência do Maestro Benvenuto, após muitos ensaios e preparação, fez uma excursão de 11 dias para a Argentina. Apresentou-se em Buenos Aires, Mar del Plata e Necochea. Nessa época, eu já cantava há quase dez anos e a amizade entre os coralistas era tal que parecíamos uma família. Era final de maio de 1988 e viajamos com o ônibus da Universidade, um total de 37 pessoas.

Imagem ilustrativa da imagem DEDO DE PROSA| O Coral da UEL na  Argentina
| Foto: Marco Jacobsen

No ônibus, a animação ficou por conta do Braga e do Brandão que, com caixas de som e percussão, alegravam o grupo. Na frente, sentávamos nós, os quietinhos. Cantando, brincando, cochilando, dormindo, chegamos a Buenos Aires e nos instalamos no Hotel Nogaro. A preocupação era a baixa temperatura, um, dois graus negativos. Quando fomos dormir, a Fumiko Ohara e eu nos agasalhamos bem, vestimos pijama de frio, meias... De repente, o quarto começou a esquentar e tivemos que trocar a roupa por uma mais leve. Era a tal da calefação; aprendemos que frio mesmo era só na rua, a céu aberto.

No outro dia, depois do café da manhã, com as gostosas medialunas, espécie de croissant, fomos ao Teatro Colón, onde iríamos nos apresentar. Fizemos o ensaio e fomos almoçar; serviram parrillada, bife de chorizo, empanadas, mas não tinha arroz nem feijão; de sobremesa, doce de leite, alfajor, helados ( sorvete em fatias como se fosse bolo ). Nos outros dias, fomos conhecer alguns pontos turísticos da linda cidade que é Buenos Aires. A Plaza de Mayo, no centro histórico, onde as mães se reuniam para reclamar por seus filhos desaparecidos na ditadura; a Casa Rosada, sede do governo; a Catedral, o Palácio do Congresso, o Obelisco; caminhamos pela Calle Florida, pelo Caminito, um museu a céu aberto, com casas coloridas, as lojinhas e cafés charmosos; Bairro Palermo com seus parques e Jardim Japonês; entramos no Estádio Monumental do River Plate.

Seguimos no outro dia para Mar del Plata, uma cidade balneário, com praias de areia branca. Fomos ao porto e conhecemos a Reserva de Lobos Marinos. Muito interessante! Passeamos pela Avenida Colón, de mais ou menos 11km e resolvemos fazer comprinhas à tarde. Tínhamos nos esquecido da famosa hora da ¨siesta¨, tudo é fechado das 11h30 às 16h30 ou 17h. E não compramos nada naquele dia. À noite, fizemos a apresentação. Depois, viajamos para Necochea, onde ficamos numa pousada para estudantes. Aquela noite foi terrível porque passamos muito frio e não conseguimos dormir. A Fumiko e eu colocamos todos os cobertores e roupas sobre nós, mas não adiantou. Rezamos para que a noite acabasse logo. De manhã, o comentário era geral, ninguém conseguiu dormir. Vieram se desculpar dizendo que a calefação estava com defeito. Fomos conhecer o local da apresentação, ensaiamos e à tarde, fomos andar pela cidade. À noite nos apresentamos e arrumamos a mala porque no dia seguinte, viajaríamos de volta para casa.

Nossas apresentações foram um sucesso, a viagem foi linda, a turma bem animada, mas a conversa geral era: ¨Não vejo a hora de chegar em Foz do Iguaçu para comer arroz com feijão... Chega de chorizo, empanadas, às vezes feijão preto¨. Nada se compara ao nosso arroz com feijão... É o que eu acho.

IDIMÉIA DE CASTRO É LEITORA DA FOLHA

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