O plantio direto no equilíbrio ambiental
Multi Agro deste domingo (9) mostra estudos com a tecnologia por meio de um simulador de chuva desenvolvido pelo Iapar
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sábado, 08 de junho de 2019
Multi Agro deste domingo (9) mostra estudos com a tecnologia por meio de um simulador de chuva desenvolvido pelo Iapar
Katiuscia Mizokami - Grupo Folha
A ocorrência de chuvas fortes no Paraná muitas vezes resultam em diversos problemas para o campo e as cidades. Na agricultura, a erosão é um exemplo. Pensando em buscar soluções para melhorar o equilíbrio ambiental no campo e nas cidades, o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) vem desenvolvendo tecnologias a partir do SPD (sistema de plantio direto). A experiência é o tema do Multi Agro deste domingo (9).
No País, a tecnologia conservacionista teve grande desenvolvimento a partir da década de 1990 e é uma prática bastante adotada pelos produtores. “A grande vantagem do plantio direto é que ele mantém a cobertura do solo, removendo o mínimo da superfície”, diz o pesquisador do Iapar, Cézar Araújo.
Assim, o plantio direto evita que a radiação afete o solo, além de amenizar o impacto de uma gota de chuva, por exemplo, mantendo a atividade biológica. “A palha tem essa função de interceptar o impacto direto da gota de chuva, servindo ainda de isolante térmico.” Isso garante que a atividade microbiológica ocorra adequadamente, complementa Araújo.
Pesquisas feitas pelo Iapar mostram que pelo SPD a infiltração de água no solo é de 100%, enquanto no solo descoberto um terço da água se perde. “Essa água que vai embora faz falta para a lavoura na estiagem e ainda carrega muita terra, ocasionando erosão no campo”, explica. O solo que se perde na agricultura também pode encarecer o tratamento da água que abastece as cidades e ainda contribuir para o assoreamento de rios e lagos.
Araújo ainda destaca o quanto o plantio direto mantém o carbono no solo. “Na pesquisa que conduzimos retemos 22 gramas de carbono por quilo de solo, quase a mesma quantidade de uma mata nativa. Isso quer dizer que em determinadas condições o plantio direto é tão eficiente quanto uma floresta para manter o carbono no solo.”
Para facilitar a visualização de como o plantio direto é eficaz, foi montado no instituto de pesquisa um simulador de chuva, com o objetivo de avaliar os efeitos que a chuva forte ou moderada pode causar no solo, facilitando a visualização da água carregando sedimentos, por exemplo. Para os estudo foi montado também uma trincheira em uma área de cultivo de milho em plantio direto. Por ela é possível visualizar o quanto o plantio direto é eficaz para reter carbono no solo e ainda o teor de fertilidade promovido pela matéria orgânica.
A pesquisadora Heverly Moraes, também do Iapar, alerta que a temperatura tem aumentado gradativamente ao longo do tempo na grande maioria dos municípios do Paraná. “Em Londrina a temperatura média em janeiro deste ano foi 25,8ºC, superando a média histórica de 23,9ºC dos últimos 44 anos”, destaca a pesquisadora.
Ainda de acordo com ela, a agricultura do Paraná vem sofrendo com estiagem desde novembro de 2018. Foram registradas perdas no feijão, milho e soja, além das hortaliças. “Toda essa adversidade climática que prejudica a agricultura tem reflexo direto na cidade. O principal impacto é a elevação de preço dos alimentos, da cesta básica e consequentemente aumento da inflação.”
Confira detalhes da tecnologia no programa desta semana. O Multi Agro vai ao ar neste domingo (9), a partir das 8 da manhã, na MultiTV (canais 20 e 520 da NET).
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