BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O cenário de estrangulamento na saúde em regiões de Minas Gerais levou o governo Romeu Zema (Novo) a criar uma nova fase no plano que orienta a flexibilização de atividades, com adesão obrigatória para os municípios, e medidas de lockdown para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus.

Duas regiões do estado já entrarão na nova fase, que tem vigência de 15 dias, a partir desta quinta-feira (4): a região Noroeste, que tem como pólo Patos de Minas, e a região Triângulo Norte, cujo pólo é Uberlândia. Ao todo, as duas somam 60 municípios.

Até agora, o plano que orientava protocolos de flexibilização durante a pandemia tinha três ondas –vermelho (a mais rígida), amarelo e verde— e passou por duas modificações desde a criação, a última delas, no início do ano.A adesão ficava a critério dos prefeitos.

Entre as medidas restritivas da onda roxa, fase criada agora, estão o fechamento do comércio não essencial, a autorização de circulação de pessoas apenas para atividades essenciais, a imposição de toque de recolher entre 20h e 5h, a suspensão de cirurgias eletivas, a proibição de reuniões presenciais, mesmo para pessoas da mesma família que não morem juntas, o uso obrigatório de máscaras em todo espaço público ou de uso coletivo e a instalação de barreiras sanitárias.

Durante o anúncio das novas medidas, Zema disse que Minas não viveu a desassistência vista em outros estados durante a pandemia, mas que o cenário nas regiões que entrarão na onda roxa será de colapso, caso a curva da pandemia permaneça. Alguns municípios já tiveram que transferir pacientes para outras regiões.

“Estamos falando de colapso da rede de saúde na região, não é problema municipal mais”, afirmou, explicando porque a medida é impositiva e não mais a critério das prefeituras. “Ver pessoas chegando com falta de ar ao hospital e não conseguir dar atendimento é cena de horror, e nós não queremos que isso aconteça em Minas Gerais. A medida é temporária, vale por 15 dias, é pontual e regional.”

Segundo o boletim epidemiológico desta quarta, o estado registrou 18.872 mortes e 893.645 casos, em quase um ano de pandemia. Em 24 horas, foram confirmados 6.565 casos novos e 227 mortes.

Minas está com 74% dos leitos de UTI públicas ocupados, 37,2% com casos relacionados ao novo coronavírus –o estado não divulga leitos reservados para Covid-19, apenas o número total. Nas duas regiões na onda roxa, segundo o governo, a taxa de ocupação de leitos de UTI Covid é de 85%.

Outras três regiões de Minas, que hoje se encontram na onda vermelha, estão sendo observadas e podem ser colocadas na roxa, caso os indicadores apontem para isso. A região Centro, onde está Belo Horizonte, ainda não está entre elas, mas é acompanhada diariamente, segundo o governo.

A previsão inicial, como antecipado na Folha de S.Paulo, era de que Zema decretaria lockdown em quatro regiões do estado, abrangendo cerca de 220 municípios. Prefeitos que quiserem ser colocados sob a nova fase de lockdown podem fazer solicitação à Secretaria Estadual de Saúde.

Segundo o secretário da pasta, Carlos Eduardo Amaral, entre os indicadores que determinaram a inclusão das regiões na onda roxa estão taxa de ocupação de leitos, o risco de desassistência, a taxa de incidência de casos e surtos, a taxa de óbitos, entre outros.

Em Uberlândia, onde a ocupação da rede municipal atingiu 100%, 150 pacientes aguardavam leitos de enfermaria e 203 de UTI, nesta quarta. A prefeitura já havia adotado medidas como toque de recolher e lei seca, tentando conter a transmissão do vírus, e encaminhou ofício aos governos estadual e federal pedindo atenção especial.

Na segunda, o prefeito Odelmo Leão (PP) se manifestou nas redes sociais dizendo que a situação atual é a pior de todas já vividas e que estava pedindo a transferência de pacientes a outros municípios.

"A gente pediu, a gente apelou para que todos compreendessem o momento que vivíamos, para que não chegássemos a essa situação. Infelizmente, muitos não ouviram e duvidaram desta doença”, escreveu ele.