SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Circula nas redes sociais um vídeo que mostra policiais russos prendendo, em Moscou, duas mulheres, por supostamente protestarem contra a invasão russa na Ucrânia. As prisões de manifestantes, que se somam às já quase 15 mil desde o início da guerra, não despertariam tanto interesse se não fossem por dois motivos: a primeira detida não expressa seu repúdio à guerra em nenhum momento da gravação. Já o caso da segunda é ainda mais surpreendente, visto que se trata de uma apoiadora do Kremlin.

As prisões foram gravadas pelo grupo ativista Activatica, organização que divulga conteúdo em russo sobre manifestações ao redor do mundo. No início do vídeo, uma mulher pede para falar "duas palavras" para a câmera. Ela, então, mostra um papel, onde é possível ler, em russo, literalmente, "duas palavras".

A mensagem, provavelmente, é uma referência à expressão "Net, voine" (sem guerra), que virou o canto principal dos manifestantes russos contrários à guerra na Ucrânia. Logo após ela mostrar o cartaz, três policiais imediatamente se aproximam e a detêm.

Segundos depois, outra mulher pede para falar à câmera. Dessa vez, porém, aparentemente é uma russa favorável à investida militar do Kremlin no país vizinho.

Ela pergunta ao homem que está gravando se ele "está apenas filmando" aqueles contrários à guerra. Ao ouvir que, na verdade, todas as pessoas estão sendo ouvidas, ela então começa a falar: "eu estou confortável com o fato de que". Nesse momento, outros três policiais a cercam e também a levam detida.

O homem que grava comenta "isso é chocante, ela estava indo falar que está bem com essa situação". Não está claro por que o homem que gravava as prisões não foi levado pelos policiais.

Até agora, segundo a ONG russa OVD-Info, 14.910 pessoas já foram presas na desde o último dia 24 por protestarem contra a guerra. A pena pode chegar até 15 anos de prisão, o que contribui para que as manifestações sejam dispersas e desorganizadas.