SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O vereador paulistano Rubinho Nunes, líder do PSL na Câmara Municipal de São Paulo, pediu ao seu partido que expulse a correligionária e deputada estadual Janaina Paschoal.

O também membro do MBL (Movimento Brasil Livre) alega que ela comete indisciplina partidária e fere o Código de Ética da agremiação ao usar "argumentos flácidos e justificativas pouco plausíveis" para corroborar "falas autoritárias" do presidente Jair Bolsonaro e ser complacente "com atos antidemocráticos praticados" pelo chefe do Executivo federal.

O vereador cita como exemplos mensagens que Paschoal publicou no Twitter apoiando "deputados que votaram a favor do voto impresso". "Esta não é uma pauta bolsonarista. É uma bandeira da cidadania, abraçada também por Bolsonaro. Muitos que a apoiavam, por medo de patrulha, equivocadamente deixaram de apoiar", escreveu a deputada na mesma mensagem.

Procurada pela reportagem, Paschoal afirma que é uma "pessoa muito transparente". "Apóio o que acho que está certo, critico o que entendo que está errado -não importa se é o presidente Bolsonaro, se é a presidente Dilma, o presidente Lula, o governador, seja lá de qual partido for", diz.

"Então as pessoas podem solicitar o que entenderem de direito e aí as autoridades partidárias que vão decidir. Democracia é isso", segue a deputada.

Nunes também aponta o tuíte na qual ela diz que "dizer que Bolsonaro matou essas pessoas", referindo-se aos então 500 mil brasileiros mortos pela Covid-19, "é o fim!".

"Todo dia inventam um crime novo para Bolsonaro. Fica até feio! Agora é charlatanismo... Vamos ver o que vão criar amanhã...", escreveu Paschoal em um outro post.

Ele ainda destaca o apoio dela às manifestações ocorridas no dia 7 de setembro, quando o presidente disse, entre outras coisas, que não iria mais obedecer decisões judiciais proferidas pelo ministro do Supremo Tribunal Fedeeal (STF) Alexandre de Moraes. "Para qualquer um que compareceu ao ato ou acompanhou minimamente sua divulgação nas redes sociais, fica evidente a linha autoritária adotada pelos seguidores idólatras do presidente", afirma ele sobre as manifestações ocorridas em Brasília e em São Paulo naquela data.

"É fato público e notório que o atual presidente da República Jair Bolsonaro não reúne condições mínimas para exercer com a galhardia necessária o cargo que ocupa, sendo certo que seus seguidores, dentro e fora do PSL, não merecem melhor sorte senão o alijamento das atividades políticas e partidárias do Partido Social Liberal", defende o parlamentar paulistano.

"A denunciada, por sua vez, a despeito de bradar defender a democracia e arvorar-se na defesa da pátria, vem se mostrando cada dia mais distante das pautas e valores que a levaram até o cargo que atualmente ocupa", segue Nunes na denúncia que enviou à diretoria estadual do PSL-SP.

"Não obstante a denunciada ser formada em direito, concorda com atos e fala do presidente que afrontam cabalmente a Constituição Federal e que estão capitulados como crimes de responsabilidade. A denunciada age de forma completamente destemperada, sem qualquer compromisso com a ética, com a verdade ou com os valores republicanos."

"Por fim, nem mesmo a vacinação contra o Covid e a CPI que apura eventuais irregularidades do governo federal no combate à pandemia são poupados pelo ilógico raciocínio da denunciada, que suscita fatos já comprovadamente falsos e levanta questionamentos infundados para, mais uma vez, proteger Jair Bolsonaro."

Jair Bolsonaro era filiado ao PSL quando foi eleito Presidente da República, em 2018. Ele deixou a legenda no ano seguinte, após a agremiação se ver em meio a um esquema de candidaturas laranjas, para tentar lançar a Aliança pelo Brasil.