Os ebooks representaram 99% do faturamento dos livros digitais, enquanto o 1% restante ficou com os audiolivros
Os ebooks representaram 99% do faturamento dos livros digitais, enquanto o 1% restante ficou com os audiolivros | Foto: iStock
Os ebooks representaram 99% do faturamento dos livros digitais, enquanto o 1% restante ficou com os audiolivros
Os ebooks representaram 99% do faturamento dos livros digitais, enquanto o 1% restante ficou com os audiolivros | Foto: iStock

São Paulo - A eclosão da pandemia fez a venda de livros digitais dar um salto em 2020, como mostra a pesquisa anual feita pela consultoria Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros.

No ano passado, foram comprados 83% mais ebooks do que em 2019, num aumento de 4,6 milhões para 8,4 milhões de unidades vendidas. No recorte de livros de ficção, o crescimento foi ainda maior, de 134% de um ano para o outro.

Esse crescimento em volume de exemplares vendidos é mais expressivo que o do faturamento do mercado de livros digitais, que subiu 36%. Esse número, já reajustado pela inflação, contabiliza além dos ebooks as vendas de audiolivros e em plataformas como bibliotecas virtuais e serviços de assinatura.

O valor pelo qual os livros foram comercializados caiu 25% entre 2019 e 2020, resultado de fatores como políticas mais agressivas de descontos para atrair os leitores. A queda no preço ajuda a explicar por que o crescimento da receita foi menor que o do número de ebooks vendidos.

"O mercado foi muito promocional a partir do fechamento das livrarias", diz Marcos Pereira, presidente do sindicato dos editores. "Houve um entendimento de que precisávamos fazer um movimento forte para atrair consumidores e compensar as vendas paradas."

De qualquer forma, é evidente que os dados mostram um aumento significativo no interesse dos brasileiros por ebooks, assim como no investimento das editoras nesse formato no ano das livrarias fechadas. A quantidade de lançamentos em ebook em 2020 foi 16% maior que no ano anterior.

Mariana Bueno, economista da Nielsen, diz que o crescimento do setor já vinha sendo sinalizado pelas editoras. "Se a gente pensar que estamos falando de um ano com inflação de 4,5%, em que a economia encolheu e a média de desemprego ficou em 13,5%, é um número impressionante."

Os livros virtuais, contudo, ainda representam uma parcela pequena do mercado editorial. Com o salto, passaram a responder por 6% do faturamento total das editoras, contra 4% no ano anterior. Para efeito de comparação, as vendas das editoras ao mercado - incluindo livros físicos e digitais-- retraíram 6% de 2019 para 2020, descontando fatores como inflação e o comércio de obras didáticas, por exemplo, que não circulam em ebook. Os exemplares físicos puxaram a queda.

"O digital amenizou o resultado negativo que as editoras tiveram com a venda de livros físicos, mas não foi capaz de inverter esse resultado", afirma Bueno.

Os ebooks representaram 99% do faturamento dos livros digitais, enquanto o 1% restante ficou com os audiolivros - um setor que, aliás, é dominado pelas obras de não ficção.

Principal fotografia do mercado editorial, a pesquisa Produção e Vendas mostrou que o tombo do setor no ano passado foi de 13% - aí contando todos os fatores da equação, como livros didáticos e vendas ao governo.

A pesquisa também mostrou que a participação das livrarias virtuais cresceu 84% na receita das editoras, na venda de exemplares físicos, enquanto as lojas de rua e shoppings, mais afetadas pela pandemia, tiveram uma queda de 32%.