BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - Professora universitária de linguística e tradutora --ela verteu para o português clássicos de autores como Thomas Mann e Virginia Woolf--, Lya Luft, morta nesta quinta-feira (30) aos 83 anos, começou sua trajetória como escritora com poemas e contos.

Sua primeira incursão no romance aconteceu só quando ela tinha 42 anos, na década de 1980. Apesar do início tardio, ela se tornou uma das autoras mais conhecidas do país, e teve vários de seus livros nas listas dos mais vendidos ao longo da carreira.

Confira abaixo algumas das suas principais obras:

'Perdas e Ganhos'

Um dos maiores fenômenos editoriais do país do passado recente, com cerca de um milhão de exemplares vendidos, este livro não era nem uma ficção, nem uma crônica, nem um ensaio, segundo a autora. "É aquela mesma fala no ouvido do leitor, que tanto me agrada, um chamado para que ele venha pensar comigo", afirmou ela em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em 2017.

Nele, a escritora parte do próprio processo de amadurecimento para tecer pensamentos sobre relações familiares e amorosas, criação dos filhos, valor da vida, solidão, efeitos da passagem do tempo, infância e maturidade.

'As Parceiras'

Primeiro romance de Lya Luft, publicado em 1980, é a obra que a consagrou no mundo da ficção. O livro traz a visão de Anelise sobre sua família, marcada pela loucura e pela morte.

'O Rio do Meio'

Lançado em 1996, o conjunto de ensaios foi sucesso de vendas e vencedor do prêmio de melhor livro da Associação Paulista de Críticos de Arte.

'Pensar é Transgredir'

Reúne 50 textos que tratam de dramas existenciais, o sentido e o valor da vida, o cotidiano banal e misterioso, amores e desencontros. Os textos vão da preocupação com o social à inquietação pelo mistério da vida, mas nele a autora também revela detalhes de sua infância.

'Múltipla Escolha'

Nas palavras de Luft, esta obra é sobre o esforço de viver. No livro, a autora discute a suposta liberdade que alcançamos. Encabeçou listas de mais vendidos na categoria não-ficção ao ser publicado, em 2010.

'O Tigre Na Sombra'

Lançada em 2012, a obra elabora um universo repleto de mistério, com personagens reais e de fácil identificação. O livro tem um final inesperado, mostrando que a gaúcha, então com 47 anos, ainda tinha o dom para contar histórias na ponta dos dedos.

'As Coisas Humanas'

Livro mais recente de Luft, de 2020, reúne crônicas sobre afetos e o luto pela morte do filho André, morto aos 51 anos, em 2017, depois de uma parada cardiorrespiratória. Num dos textos, Luft recorda um passeio de ônibus com o filho, ao voltarem do shopping onde o garoto ganhou um microscópio "de verdade" como presente. Em outro, ela lembra o dicionário para crianças que o menino escreveu depois de receber o "Luftinho", um dos dicionários escritos pelo pai Celso Luft. André escreveu verbetes como "alface", "amigo", "xixi" ("só conheço essa com x", dizia) e "zebu".