SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Ibovespa, índice de referência da Bolsa brasileira, fechou em alta de 0,59% nesta sexta-feira (19), a 103.035 pontos, interrompendo uma série de quatro quedas consecutivas. Na semana, porém, o indicador recuou 3,03%. A queda acumulada no ano é de 13,42%.

O dólar subiu 0,73%, a R$ 5,6100, refletindo a expectativa de investidores com a possibilidade de aumento dos juros nos Estados Unidos. A valorização na semana foi de 2,78%. No ano, a moeda americana acumula ganhos de 8,11% em relação ao real.

A expectativa é de que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) acelere a retirada dos estímulos econômicos adotados durante a pandemia, após a inflação ao consumidor no país ter alcançado o maior patamar em 30 anos.

O mercado de ações foi puxado pela Vale e siderúrgicas, na esteira do avanço do preço dos contratos futuros de minério de ferro, e por empresas de telecomunicação devido a uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal ) favorável ao setor.

A Vale avançou 2,73% e a CSN saltou 7,98%, a maior alta do pregão.

As ações da Telefônica Brasil e da TIM subiram 6,81% e 5,15%, respectivamente, após ministros do STF formarem maioria pela redução do ICMS para serviços de telecomunicações em Santa Catarina, em decisão que poderá ser aplicada a todo o país.

Investidores seguiram acompanhando o desenrolar em torno da PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios, mas a falta de notícias relevantes sobre o tema deu espaço para a leve recuperação dos negócios.

A PEC, que autoriza um drible no teto de gastos, dando um calote nas dívidas judiciais da União em 2022, é avaliada pelo mercado como uma saída para que o governo consiga pagar o Auxílio Brasil e, assim, possa fechar o Orçamento do próximo ano.

O ganho diário desta sexta não representa, porém, uma mudança de direção no mercado, segundo Bruno Madruga, diretor de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "Apenas correção dentro de uma tendência de baixa no mercado", disse.

O petróleo Brent caiu 3,43%, a US$ 78,45 (R$ 436,00), o menor preço desde 24 de setembro, quando o barril fechou cotado a US$ 78,09.

Preocupações sobre o avanço da Covid-19 na Europa e com a possibilidade dos governos dos Estados Unidos e da China utilizarem reservas estratégicas para baixar os preços estão entre os responsáveis pela desvalorização do petróleo.

"O medo do desconhecido está pesando no sentimento do mercado", disse Phil Flynn, analista sênior da Price Futures.

O Brent subiu quase 60% este ano, com as economias se recuperando da pandemia e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados aumentando a produção apenas gradualmente.

O desempenho fraco da commodity no dia prejudicou as ações da Petrobras, que fecharam em baixa de 1,66%.

A Petrobras ainda informou nesta sexta que não atenderá novamente 100% dos pedidos de distribuidoras por combustíveis em dezembro, em meio à manutenção de um cenário de demanda atípica vista também em novembro.

Em Wall Street, os índices Dow Jones e S&P 500 caíram 0,75% e 0,14%. O Nasdaq subiu 0,40%, com um resultado recorde de 16.057 pontos.

O viés predominante nos mercados globais, porém, foi de baixa nesta sexta com a tensão gerada pelo avanço da Covid-19 na Europa.

A Áustria anunciou novas restrições para lidar com casos crescentes de coronavírus, e o mercado teme que a Alemanha siga o mesmo caminho.