DUQUE DE CAXIAS, RJ (FOLHAPRESS) - Universidades privadas de São Paulo estão se preparando para abandonar o modelo híbrido e online já no começo deste ano. Para a maior parte das principais instituições paulistas, o objetivo é já começar o próximo semestre com os alunos voltando a frequentar os campi das instituições integralmente.

A nova variante ômicron pode atrapalhar os planos e mudar o calendário. Esse é o caso da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que adiou em pelo menos 15 dias o início das aulas presenciais, que estavam previstas para começarem em 1º de fevereiro.

Segundo o pró-reitor Antonio Freitas, o começo das aulas presenciais fica marcado para o dia 14 de fevereiro, tanto para as escolas de São Paulo quanto para as do Rio de Janeiro.

Os estudantes da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo) estão divididos sobre a decisão, afirma o presidente do diretório acadêmico da FGV e aluno de administração pública, Gabriel Domingues, 19.

De acordo com ele, aqueles que estão em períodos mais avançados preferem continuar de forma online, pois é mais fácil para conciliar outras tarefas, como estágios, por exemplo. Para os calouros, entretanto, é frustrante ainda não poder frequentar o prédio da instituição regularmente.

Um estudante de administração de empresas que preferiu não se identificar reclama que as únicas vezes que pôde frequentar a sala de aula foi durante a adoção do modelo híbrido, no final do ano passado. Mas o período não foi como o esperado. Isso porque era dada apenas uma aula presencial e, na sequência, tinha uma online. O tempo que levava para se deslocar da faculdade até sua casa o fazia perder alguns minutos da segunda disciplina.

Na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), a previsão é que a volta ao presencial ocorra em 3 de março para a graduação e pós-graduação, com exceção de medicina, que começa antes. Por enquanto, o calendário está mantido.

"Até lá esperamos que a situação da pandemia fique estável e seguiremos as determinações das autoridades competentes", diz a universidade, por meio da assessoria.

Para a tesoureira do Centro Acadêmico 22 de agosto, que representa os alunos de direito do campus de Perdizes, Andréia Passos de Oliveira Campos, 19, ainda é cedo para dizer se a nova variante pode adiar os planos. É necessário seguir as autoridades de saúde, diz, mas reforça que o ensino a distância não é bem-vindo entre os alunos, principalmente devido aos obstáculos que impõe à permanência estudantil.

"Quem sai tem cor e classe social. Quando a gente fala de ir para a universidade, não é somente para ir para a sala de aula. Você aprende tanto dentro da sala de aula quanto fora [dela]."

Adiar as aulas presenciais devido ao avanço da ômicron é uma boa justificativa, afirma Pedro Hallal, coordenador do Epicovid-19, o maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil. Entretanto, o professor universitário diz que a onda da nova variante deve ser curta e, logo após sua atenuação, a retomada deve ser urgente.

"Não faz sentido termos os jovens nas festas e fora da sala de aula. Houve oportunidade de vacinação para todos, então a volta é necessária."

Além da FGV e da PUC-SP, o Insper e a ESPM anunciaram aulas presenciais para o dia 14 de fevereiro. No Insper, só poderão frequentar o campus aqueles que apresentarem o esquema vacinal completo contra a Covid. A ESPM ainda está debatendo a medida internamente.

O Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) também tem previsão de retornar ao presencial no próximo mês, mas, em nota, disse que o formato pode ser ajustado caso necessário. Por enquanto, as aulas da pós-graduação já voltaram, em formato híbrido.

Já a Universidade Presbiteriana Mackenzie decidiu dar início às atividades de ensino de forma remota, no dia 1º de fevereiro. A justificativa é o atual cenário da pandemia, somado aos efeitos do surto de gripe.

Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo diz que as aulas presenciais podem acontecer, com recomendação de protocolos de segurança, como uso obrigatório de máscaras em todas as dependências, aferição da temperatura, higienização constante das mãos com água e sabão, utilização de álcool em gel, ventilação nas salas de aula e escalonamento de intervalos.

A suspensão das aulas fica a cargo de cada instituição de ensino, que pode avaliar medidas em possíveis surtos de Covid.

O Ministério da Educação se pronunciou na última terça-feira (18) sobre o replanejamento para adesão às aulas presenciais e deixou a cargo das instituições a escolha de continuar ou não com o ensino a distância.

No comunicado, o órgão pediu cautela na adoção de medidas restritivas em escolas, universidades e institutos. Tais decisões impactam na vida de estudantes mais vulneráveis, que já foram muito afetados durante o longo período de lockdown impostos em 2020 e 2021, diz o texto.

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VEJA QUANDO AS AULAS VOLTAM NAS PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE SÃO PAULO

PUC

Início: 3 de março

Modelo: presencial

Exigirá comprovante de vacinação? Sim

Ibmec

Início: 15 de fevereiro

Modelo: presencial

Exigirá comprovante de vacinação? Não definido

Mackenzie

Início: 1º de fevereiro

Modelo: online

FGV

Início: 1º de fevereiro

Modelo: online até o dia 14, depois presencial

Exigirá comprovante de vacinação? Sim

Insper

Início: 14 de fevereiro

Modelo: presencial

Exigirá comprovante de vacinação? Sim

ESPM

Início: 14 de fevereiro

Modelo: presencial

Exigirá comprovante de vacinação? Não definido