SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A União Europeia (UE) subiu o tom sobre as sanções contra a Rússia nesta sexta-feira (25), após os ataques à Ucrânia, e discute congelar ativos do presidente Vladimir Putin e do chanceler russo, Serguei Lavrov.

Segundo o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, o bloco está próximo de um acordo para impor sanções aos políticos russos. As retaliações serão discutidas em uma reunião com representantes da UE ainda nesta sexta em Bruxelas, na Bélgica.

Questionado sobre eventuais reações de Putin e Lavrov, Asselborn disse que os dois "vivem em uma bolha e que não podem mais reconhecer a realidade".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se a comentar sobre a possibilidade de sanções diretas contra Putin e Lavrov.

Além das medidas contra os chefes russos, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a UE prepara mais sanções econômicas. Em sua opinião, o pacote aprovado pelos líderes dos 27 países do bloco na quinta (24) não é suficiente.

A ameaça foi feita poucas horas depois de o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pedir medidas mais duras contra Moscou.

"As possibilidades de sanções ainda não foram esgotadas. A pressão sobre a Rússia deve aumentar", escreveu Zelenski no Twitter, que disse ter enviado a mensagem à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Os líderes da UE aprovaram na quinta, durante cúpula de emergência em Bruxelas, sanções que atingem os setores de energia, finanças e transporte da Rússia, bem como restrições às exportações de tecnologia e à concessão de vistos.

Os países do bloco preferiram não excluir, por enquanto, os bancos russos do sistema interbancário Swift, um passo considerado de efeito devastador e com consequências que poderão ser sentidas inclusive em outros países da Europa.

Autoridades financeiras disseram que o bloco está pronto para aguentar impactos econômicos que devem girar em torno do aumento do preço da energia. "Mas os custos de reagir a essa invasão, a essa violação da lei internacional, são custos com os quais devemos arcar", disse o comissário econômico europeu Paolo Gentiloni.

O Kremlin avaliou que as sanções ocidentais impostas à Rússia causariam problemas a Moscou, mas que não são intransponíveis. O país está decidido a ampliar seus laços comerciais e econômicos com nações asiáticas.

Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que a Rússia já havia reduzido sua dependência das importações estrangeiras para se proteger contra sanções.

"O objetivo principal era assegurar a completa autossuficiência e a substituição das importações, se necessário", disse Peskov. "Em grande medida este objetivo foi alcançado. Sem dúvida haverá problemas, mas eles não serão insuperáveis."

O Ministério da Economia disse que a Rússia enfrentou sanções durante muito tempo e que está reavaliando seus laços comerciais para combater o que chamou de ameaça que emana do Ocidente.

"Entendemos que a pressão de sanções que enfrentamos desde 2014 vai se intensificar", informou a pasta russa. "A retórica de alguns de nossos colegas do exterior foi tal que estamos prontos para potenciais novas sanções por um longo tempo."

Diante das diversas medidas que a UE anuncia em represália ao ataque russo na Ucrânia, Moscou também prepara retaliações e conhece as fraquezas de seus alvos, disse a presidente da Câmara alta do Parlamento russo, Valentina Matvienko.

Uma medida prática já foi tomada. A Rússia proibiu a entrada em seu espaço aéreo de todos os aviões vinculados ao Reino Unido em resposta às sanções impostas por Londres à companhia aérea russa Aeroflot -que integra a aliança internacional SkyTeam, da qual faz parte a franco-holandesa Air France-KLM.

De acordo com a agência reguladora Rosaviarsia, foram bloqueados todos os aviões "de propriedade, arrendados, ou operados por uma organização vinculada, ou registrada, no Reino Unido". A medida inclui os voos em trânsito pelo espaço aéreo russo.

Na quinta, Ursula von der Leyen disse que as sanções vão aumentar o custo do crédito para a Rússia, e que isso deve se refletir em aumento da inflação no país.

Ela também indicou que as sanções do bloco vão atacar diretamente o setor de petróleo russo, além de limitar o acesso do país a tecnologias de ponta importantes, como os semicondutores, essenciais, por exemplo, na indústria global de chips.

A chefe da Comissão Europeia afirmou que as sanções foram coordenadas com Estados Unidos e outros aliados. Em referência aos ataques russos, disse que são eventos que marcam o início de uma nova era. "Putin está tentando subjugar um país europeu amigável. Ele está tentando redesenhar o mapa da Europa à força."