SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os países-membros da da União Europeia (UE) concordaram nesta sexta-feira (25) em incluir o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o chanceler Sergei Lavrov na lista de indivíduos sancionados devido à invasão militar da Ucrânia.

O anúncio foi feito pelo chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell. "Importante sinalizar que os únicos líderes do mundo que são sancionados pela UE são Bashar al-Assad [ditador sírio], Alexander Lukashenko [ditador belarusso] e, agora, Putin", disse o espanhol.

Mais ​cedo, questionado sobre eventuais reações de Putin e Lavrov, Jean Asselborn, chanceler de Luxemburgo, chanceler de disse que os dois "vivem em uma bolha e que não podem mais reconhecer a realidade".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recusou-se a comentar sobre a possibilidade de sanções diretas contra Putin e Lavrov.

Além das medidas contra os chefes russos, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que a UE prepara mais sanções econômicas. Em sua opinião, o pacote aprovado pelos líderes dos 27 países do bloco na quinta (24) não é suficiente.

A ameaça foi feita poucas horas depois de o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pedir medidas mais duras contra Moscou.

"As possibilidades de sanções ainda não foram esgotadas. A pressão sobre a Rússia deve aumentar", escreveu Zelenski no Twitter, que disse ter enviado a mensagem à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Os líderes da UE aprovaram na quinta, durante cúpula de emergência em Bruxelas, sanções que atingem os setores de energia, finanças e transporte da Rússia, bem como restrições às exportações de tecnologia e à concessão de vistos.

Os países do bloco preferiram não excluir, por enquanto, os bancos russos do sistema interbancário Swift, um passo considerado de efeito devastador e com consequências que poderão ser sentidas inclusive em outros países da Europa.

Autoridades financeiras disseram que o bloco está pronto para aguentar impactos econômicos que devem girar em torno do aumento do preço da energia. "Mas os custos de reagir a essa invasão, a essa violação da lei internacional, são custos com os quais devemos arcar", disse o comissário econômico europeu Paolo Gentiloni.

O Kremlin avaliou que as sanções ocidentais impostas à Rússia causariam problemas a Moscou, mas que não são intransponíveis. O país está decidido a ampliar seus laços comerciais e econômicos com nações asiáticas.

Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que a Rússia já havia reduzido sua dependência das importações estrangeiras para se proteger contra sanções.

"O objetivo principal era assegurar a completa autossuficiência e a substituição das importações, se necessário", disse Peskov. "Em grande medida este objetivo foi alcançado. Sem dúvida haverá problemas, mas eles não serão insuperáveis."

O Ministério da Economia disse que a Rússia enfrentou sanções durante muito tempo e que está reavaliando seus laços comerciais para combater o que chamou de ameaça que emana do Ocidente.

"Entendemos que a pressão de sanções que enfrentamos desde 2014 vai se intensificar", informou a pasta russa. "A retórica de alguns de nossos colegas do exterior foi tal que estamos prontos para potenciais novas sanções por um longo tempo."

Diante das diversas medidas que a UE anuncia em represália ao ataque russo na Ucrânia, Moscou também prepara retaliações e conhece as fraquezas de seus alvos, disse a presidente da Câmara alta do Parlamento russo, Valentina Matvienko.

Uma medida prática já foi tomada. A Rússia proibiu a entrada em seu espaço aéreo de todos os aviões vinculados ao Reino Unido em resposta às sanções impostas por Londres à companhia aérea russa Aeroflot —que integra a aliança internacional SkyTeam, da qual faz parte a franco-holandesa Air France-KLM.

De acordo com a agência reguladora Rosaviarsia, foram bloqueados todos os aviões "de propriedade, arrendados, ou operados por uma organização vinculada, ou registrada, no Reino Unido". A medida inclui os voos em trânsito pelo espaço aéreo russo.

Na quinta, Ursula von der Leyen disse que as sanções contra a Rússia vão aumentar o custo do crédito ao país, e que isso deve se refletir em aumento da inflação.

Ela também indicou que as sanções do bloco vão atacar diretamente o setor de petróleo russo, além de limitar o acesso do país a tecnologias de ponta importantes, como os semicondutores, essenciais, por exemplo, na indústria global de chips.

A chefe da Comissão Europeia afirmou que as sanções foram coordenadas com Estados Unidos e outros aliados. Em referência aos ataques russos, disse que são eventos que marcam o início de uma nova era. "Putin está tentando subjugar um país europeu amigável. Ele está tentando redesenhar o mapa da Europa à força."