SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Ucrânia começou a testar nesta sexta (4) as armas recebidas dos Estados Unidos para tentar desestimular uma eventual invasão russa, medo exacerbado pela mobilização militar em suas fronteiras promovidas pelo governo de Vladimir Putin.

As manobras foram na base de Iavoriv, no oeste do país, distante das áreas ocupadas por rebeldes pró-Rússia desde 2014 no leste. Foram testados mísseis antitanque, lançadores de foguetes e outras armas do pacote de US$ 200 milhões fornecido pelos EUA a Kiev nas últimas semanas.

São todas armas que visam barrar colunas de blindados. Putin tem mobilizados ao menos três grupos de tanques na fronteira leste da Ucrânia, fora material ofensivo e tropas na Crimeia que anexou também em 2014 e 30 mil homens em manobras militares ao norte, na ditadura aliada da Belarus.

A Rússia diz que não quer invadir a Ucrânia, e o senso comum faz supor que ao menos uma tentativa de tomada do país seja custosa demais. Mas a ação oito anos atrás está na cabeça do Ocidente, embora a pressão militar de Putin pareça mais uma forma de extrair concessões.

O impasse acerca das demandas do Kremlin para evitar que Kiev seja absorvida na Otan, rejeitadas pelos EUA e pela aliança militar que comanda, segue sem solução. Atrás de uma, o presidente francês, Emmanuel Macron, irá a Moscou encontrar-se com Putin na segunda (7) e, no dia seguinte, a Kiev para falar com o presidente Volodimir Zelenski.

No campo diplomático, o presidente russo colheu uma vitória prevista nesta sexta ao encontrar-se com o líder chinês, Xi Jinping, que lhe deu apoio total na questão da Ucrânia.

Em Moscou, o Kremlin rechaçou a insinuação sem provas feita pelos EUA na véspera de que os russos planejavam montar um vídeo falso com uma simulação de ataque ucraniano a civis nas áreas separatistas para justificar uma invasão.

Também houve uma resposta a uma acusação vinda da América do Sul. O ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, disse que havia apoio russo à mobilização de forças venezuelanas na fronteira com seu país. A Rússia é aliada da ditadura de Nicolás Maduro.

Para o Kremlin, a fala, também sem amparo de provas, foi irresponsável e causou perplexidade. O envolvimento do continente na crise havia sido insinuado em janeiro, quando um dos vice-chanceleres russo não negou a ideia de envio de tropas e armas para Venezuela e Cuba como retaliação pelo fornecimento de armamento ocidental à Ucrânia.

Fora da retórica, os céus europeus tiveram uma semana cheia devido à crise. Houve duas interceptações de bombardeiros e aviões-radar russos perto do Reino Unido na terça e na quarta e, nesta sexta, quatro caças russos escoltando um avião de transporte Tu-154 foram interceptados perto da Noruega por aviões do país e dos EUA.

Nenhum incidente, que ocorrem em base semanal, resultou em atritos maiores ou invasão de espaço aéreo da Otan.