Turbulência é o estado normal da política haitiana, diz Heleno sobre assassinato de presidente
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quarta-feira, 07 de julho de 2021
DANIEL CARVALHO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Após a morte do presidente do Haiti, Jovenel Moïse, 53, o general brasileiro Augusto Heleno, ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse nesta quarta-feira (7) que a turbulência é o estado normal da política do país.
"Isso é muito desagradável. Mais um fato na história do Haiti, que é uma história muito conturbada desde a independência", disse Heleno, que, em 2004, foi o primeiro comandante da missão da ONU (Organização das Nações Unidas) para pacificação do país, a Minustah.
O general da reserva concedeu entrevista à Rádio Bandeirantes na manhã desta quarta para tratar do assassinato de Moïse, morto a tiros por um grupo de agressores não identificados em sua residência privada durante a madrugada, segundo comunicado do primeiro-ministro interino, Claude Joseph.
"Já foi a quinta missão de paz em virtude da eterna turbulência, que praticamente é o estado normal da política haitiana", disse Heleno.
Sem dar mais detalhes, Joseph informou ainda que parte dos invasores falava espanhol, o que indicaria que eles não são haitianos --os idiomas oficiais do país são o francês e o crioulo. O militar brasileiro, porém, minimizou essa questão e disse que muitas pessoas no Haiti falam mais de uma língua.
Ainda no campo da instabilidade no país, Heleno mencionou mobilizações por vacinas contra Covid-19.
"Essas manifestações a favor de vacina, acredito que tenham sido bastante numerosas, porque, na verdade, o Haiti é um dos poucos países do mundo que não vacinou."
O primeiro-ministro interino do Haiti fez um apelo à comunidade internacional para que investigue o assassinato do presidente e à Organização das Nações Unidas (ONU) para que convoque uma reunião do Conselho de Segurança, entidade responsável por zelar pela paz mundial.
O ataque, no entanto, ocorreu em meio a uma onda crescente de violência ligada à crise política do país. Com o Haiti profundamente polarizado e enfrentando uma crise humanitária e escassez de alimentos, há temores de uma desordem generalizada.
Nesta madrugada, houve relatos de tiros em toda a capital, Porto Príncipe. No começo da manhã, forças de segurança montaram um sistema para controlar a circulação de pessoas nas ruas. Segundo a agência de notícias Reuters, o aeroporto internacional da cidade foi fechado, e a República Dominicana ordenou o fechamento da fronteira com que divide com o país.

