SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um trem da linha 8-diamante bateu em uma contenção na plataforma de desembarque da estação Júlio Prestes, no centro, na manhã desta quinta-feira (10). Um funcionário da ViaMobilidade, que faz a gestão da linha, e um passageiro ficaram feridos e foram socorridos.

O acidente aconteceu por volta das 6h com um trem que chegava na estação para desembarcar passageiros. A ViaMobilidade não informou o que teria causado o acidente, já que o trem não parou emparelhado à plataforma, seguindo até colidir com a contenção.

Após o impacto, os passageiros foram desembarcados em segurança e encaminhados para outros trens, informou em nota a ViaMobilidade, concessionária que administra a linha há pouco mais de um mês.

Segundo a empresa, os feridos foram encaminhados ao hospital. No início da tarde, tanto o operador quanto o passageiro, que estavam em avaliação médica, foram liberados.

A colisão do trem não afetou a circulação na linha 8, segundo a ViaMobilidade. O trem permanece no local e deve ser removido na madrugada desta sexta (11).

A auxiliar de limpeza Maria Mônica da Silva Quirino, 49, que desembarca na estação Júlio Prestes todos os dias, registrou imagens do acidente nesta manhã. Ela estava em outro trem e quando saiu da composição já viu o acidente.

Segundo Quirino, a linha vem apresentando problemas já algum tempo. "Estão horríveis os trens, plataforma cheia, trens lotados, às vezes não dá nem para entrar, e ar-condicionado desligado. Eu trabalho na Júlio Prestes e estou sempre chegando atrasada", disse a auxiliar de limpeza. "Não te informam nada, só falam que está com problema na via, mas todos os dias há problemas na via?", questionou.

Nas redes sociais, usuários postaram imagens do acidente.

Na madrugada desta quinta, um funcionário da concessionária ViaMobilidade, um dos braços da CCR, morreu em acidente durante atividade de manutenção de rotina na linha 9-esmeralda de trens, em São Paulo.

Segundo a concessionária, o funcionário estava em uma sala técnica na região da estação Pinheiros. "A concessionária apura os detalhes do ocorrido e presta todo o apoio à família do colaborador", disse, em nota, a ViaMobilidade.

O acidente não chegou a afetar a operação e os trens circulavam normalmente pela manhã.

No dia 4, os trens da linha 9-esmeralda circularam com velocidade reduzida e maior tempo de parada nas estações. Segundo a concessionária, o problema se deu por causa de falha no sistema de alimentação elétrica nas proximidades da estação Berrini.

Um trem não conseguiu chegar à plataforma e os passageiros tiveram que desembarcar na via, com apoio de colaboradores da ViaMobilidade, segundo a concessionária.

A ViaMobilidade assumiu as linhas 9-esmeralda e 8-diamante no dia 27 de janeiro. Desde então, ocorreram ao menos duas grandes paralisações que levaram, inclusive, ao acionamento do Paese, quando passageiros são obrigados a embarcar em ônibus lotados para chegar até o destino. Uma delas aconteceu no dia 2, após um princípio de incêndio.

Pouco mais de um mês após a concessão, reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que estações e a operação das linhas administradas pela ViaMobilidade seguem com problemas. Alguns, estruturais, herdados da CPTM e, outros, de manutenção.

A concessionária afirmou que, desde a assinatura do contrato de concessão, em 30 de junho, fez reuniões de consultoria, transferência de funções e treinamentos de equipes para a "realização do melhor processo de incorporação das linhas".

O promotor de Justiça do Consumidor Luiz Ambra vai apurar a situação ocorrida nas linhas 8-diamante e 9-esmeralda, usando como base reportagem publicada pela Folha de S.Paulo no último dia 3. Segundo o Ministério Público Estadual, a apuração está relacionada aos direitos do consumidor que utiliza o transporte público.

A Promotoria enviará um ofício para a concessionária ViaMobilidade pedindo explicações a respeito dos problemas, inclusive sobre aqueles ocorridos nesta quinta. Posteriormente, poderá ou não ser instaurado um inquérito para apuração dos fatos.

A ViaMobilidade venceu o leilão de concessão das linhas 8 e 9 em abril do ano passado, com uma oferta de R$ 980 milhões por 30 anos. A empresa opera também as linhas 4-amarela e 5-lilás, de metrô.