RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - As empresas transportadoras de cargas dizem que o repasse da alta no preço do diesel anunciada nesta quinta-feira (10) pela Petrobras é inevitável. O movimento deve pressionar os preços de todos os produtos movimentados por caminhões no país.

Segundo a NT&C Logística (Associação ​Nacional do Transporte de Cargas e Logística) o reajuste cria "uma situação crítica para o transportador, que ainda está negociando com os seus clientes o repasse dos quase 50% de aumento que aconteceram em 2021".

"Infelizmente, quem vai pagar essa conta é o consumidor. Vamos ter que repassar para indústria, para o comércio", diz o presidente da Fetranscarga, federação que representa os transportadores do Rio de Janeiro, Eduardo Rebuzzi.

O setor argumenta que o óleo diesel representa, em média, 35% dos custos e sugere às transportadoras que incluam em contratos antigos gatilhos para revisão do valor do frete em caso de alta no preço do combustível.

A NT&C Logística diz que o setor já havia constatado a necessidade da recomposição do preço do frete por aumentos recentes dos insumos de transporte, em índices que variam de 18,58% na carga fracionada e 27,65% na carga lotação.

"Não é só o combustível. Vai ver o preço do pneu, da suspensão", diz Carlos Panzan, presidente da Fetcesp, que representa as transportadoras de São Paulo.

Com o reajuste de 24,9% no preço do diesel, que representa um acréscimo de 8,75% no custo do setor, a defasagem no frete subiria para quase 29% na carga fracionada e quase 39% na carga lotação.

Logo após o anúncio da Petrobras no preço do combustível, as diversas federações brasileiras de transportadoras convocaram uma reunião emergencial para debater o tema.

No fim da tarde, um comunicado foi enviado a associações que representam clientes. O reajuste do diesel desta quinta, afirma o texto, é emergencial e deve ser repassado independentemente das negociações sobre a defasagem passada.

Ao contrário dos caminhoneiros autônomos, as empresas transportadoras evitam críticas ao governo. Em 2018, o setor foi apontado como o principal motor da greve que paralisou o país por duas semanas em protesto contra os altos preços dos combustíveis.

"Acreditava-se que, com a previsão de término da pandemia, os preços voltassem a ficar mais estáveis, porém a guerra entre Rússia e Ucrânia vem acarretando elevação do preço do barril de petróleo nunca vista, com graves reflexos no preço do diesel", afirmou a NT&C no texto divulgado nesta quinta.

Rebuzzi ressaltou que o ICMS é um fator de pressão sobre os preços e defendeu a mudança na cobrança do imposto aprovada nesta quinta pelo Senado, com apoio do governo federal. "A gente sabe que, cada vez que aumenta o diesel, os estados arrecadam mais."

Panzan também defendeu as mudanças no ICMS e diz que o setor é favorável também a um colchão de amortecimento dos preços dos combustíveis, como o fundo de estabilização também aprovado pelo Senado.