SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Touro de Ouro instalado em frente à Bolsa de Valores brasileira, a B3, não durou um dia sem ser alvo de protestos. Na manhã desta quarta-feira (17), ativistas se reuniram para colar na peça um cartaz (um lambe-lambe) onde se lê "fome".

A escultura é uma réplica do Touro de Wall Street, localizado no distrito financeiro de Nova York, e foi instalada na área central da capital paulista nesta terça-feira (16). A versão brasileira foi batizada de Touro de Ouro por ser dourada. A original é de bronze.

O protesto foi gravado e publicado nas redes sociais dos movimentos Juventude Fogo no Pavio e Movimento Raiz da Liberdade. "Assim como o Touro de Wall Street é alvo de trabalhadores e trabalhadoras que resistem, aqui o Touro de Ouro também será!", disseram nas publicações.

"Enquanto o lucro e a acumulação de riquezas segue aprofundando a exploração incansável dos nossos trabalhos cada vez mais precarizados. Tudo isso muito beneficiado pela política entreguista e genocida de Bolsonaro!", afirmaram os movimentos nas redes.

Procurada, a B3 afirmou em nota que a escultura "homenageia a força e a coragem do brasileiro, além de ser um presente para a cidade de São Paulo, visando à revitalização do centro histórico da cidade". " Esculturas de touro, que representam o otimismo com o mercado financeiro, estão presentes em centros financeiros de diversas cidades no mundo, como Nova York e Frankfurt", complementou.

Essa não é a primeira vez que a Bolsa é alvo de protestos.

Em setembro, manifestantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e da frente Povo Sem Medo invadiram o edifício-sede da Bolsa em um protesto contra a fome.

No jargão do mercado acionário, o touro representa os momentos de alta da Bolsa, pois o touro chifra para cima. A estátua fica ao sul da ilha de Manhattan.

A versão brasileira foi instalada em frente ao prédio da Bolsa, na rua 15 de Novembro, e está autorizada pela Subprefeitura Sé a permanecer no local por três meses.

O Touro de Ouro foi idealizado em parceria com o sócio da XP e presidente da empresa de educação financeira Vai Tourinho, Pablo Spyer —também conhecido por apresentar o programa Minuto Touro de Ouro, na Jovem Pan—, e concebido pelo artista plástico e arquiteto Rafael Brancatelli.

A peça, diz a B3, "simboliza o mercado financeiro e a força do povo brasileiro". O número de investidores na Bolsa brasileira avançou nos últimos meses, mas ainda representa uma parcela pequena da população.

Em outubro, a B3 atingiu a marca de 4 milhões de contas de pessoas físicas em renda variável. O número de CPFs únicos é de 3,4 milhões, pois uma mesma pessoa pode ter conta em diversas corretoras. O valor mediano (média, sem considerar os extremos) de cada carteira é de R$ 8.000, segundo a B3.

A título de comparação, em setembro havia 234 milhões de cadernetas de poupança ativas no país.