SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O total de mortes no Brasil em 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, cresceu 14,9 % em relação ao constatado em 2019. De 1,5 milhão de pessoas que perderam a vida, ao menos 12,9% delas foram vitimadas pelo novo coronavírus, considerando os 194.976 óbitos pela doença contabilizados pelo consórcio de veículos de imprensa, de março a 31 de dezembro.

Os dados fazem parte da pesquisa anual Estatística de Registros Civis 2020, do IBGE, divulgados nesta quinta-feira (18), com base em informações de cartórios, tabelionatos e varas.

O aumento do número de mortes no país vinha em ascensão de anos anteriores, mas não de forma tão pronunciada. De 2018 para 2019, foi de 2,6%, e entre 2017 e 2018, a variação foi de 0,7%. A taxa do ano passado teve a maior variação desde 1984, segundo texto do IBGE, mas o instituto afirma que havia maior subnotificação de óbitos naquela década.

O crescimento em 2020, sempre em comparação a 2019, ocorreu sobretudo na faixa de 60 a 74 anos: 21,1%. Entre 30 a 44, chegou a 15,2%, de 45 a 59, 18% e, de 75 a 89, 13,8%.

Já entre aqueles que têm entre 15 a 19 anos, o crescimento na mortalidade foi de 7,9%.

Em contraposição, houve queda no número de morte de crianças e adolescentes com até 14 anos, 15,1% menor em relação ao ano anterior.

A taxa negativa para quem tem até 14 anos (com declive de 15,1%) foi puxada, em parte, pelo número mais baixo de nascimentos -quanto menos brasileiros nascem em um período, maior a chance de a taxa de mortalidade diminuir, o que foi considerado em texto de apresentação do estudo.

A queda no número de registro de nascimentos -total de 2.678.992 no ano- foi de 4,7%. Assim sendo, também diminuiu a mortalidade de recém-nascidos, com declínio de 13,9% para quem tinha menos de 1 anos.

O total de 2.678.992 se refere a crianças nascidas em 2020 e registradas até o 1º trimestre de 2021, sendo que aproximadamente 2% correspondem a pessoas nascidas em anos anteriores e que, muitas vezes, não sabem dizer em que ano nasceram.

Segundo o estudo, a declaração de emergência em saúde pública de importância nacional (Espin) e a adoção de medidas restritivas para contenção do cororonavírus, incluino restrições de horários no serviço público, "impôs mudanças no funcionamento dos cartórios em todo o território nacional no período".

O texto prossegue afirmando que tais mudanças podem ter contribuído para a diminuição expressiva na realização de registros de nascimento no mês de março do ano passado e a postergação dos registros para junho e julho, "meses em que apresentaram sinais de retomada na realização de registros de nascimentos ainda que em patamares inferiores à média dos últimos cinco anos".

Também caiu o número de casamentos registrados em cartório. O total foi de 757.179, o que representa uma queda de 26,1% em relação a 2019. Uma reportagem do Agora mostrou que essa tendência prosseguiu especialmente no início de 2021, em boa parte causada pelas restrições impostas pelos protocolos de controle da pandemia no país, entre elas a realização de festas.

VIOLÊNCIA

O mesmo estudo também traz dados de mortes por razões não naturais, dando destaque para uma população que tem se tornado cada vez mais vulnerável.

Entre homens com idade entre 20 e 24 anos, houve aumento de 9,6%, com um total de 12.932 óbitos causados por acidentes no trânsito, homicídios e outras razões que desconsideram as doenças.

Segundo texto de apresentação do estudo, "excepcionalmente, as informações de divórcios judiciais e divórcios extrajudiciais, serão divulgadas em momento posterior".

Ainda sobre o registro de óbitos, Amazonas e Pará são os estados com as maiores variações para cima nas taxas de mortalidade, o primeiro com elevação de 32% em relação a 2019, e o segundo, de 28%.

Minas Gerais (crescimento de 7,9%) e Rio Grande do Sul (4%), apresentam os índices mais baixos da lista com todos os estados brasileiros.