SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As aglomerações de carnaval, no fim de fevereiro e início de março, e a flexibilização do uso de máscaras em locais fechados em diversos municípios fluminenses, há cerca de 15 dias, não alteraram a tendência de queda da Covid-19 no Rio de Janeiro, declarou o secretário de estado de Saúde, Alexandre Chieppe, nesta quarta (23) em entrevista a veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

"A gente avalia os indicadores, e não houve absolutamente nenhum aumento no número de novos casos. A tendência se mantém de queda desde o fim da curva de transmissão da ômicron", disse o secretário à Agência Brasil, que traz as informações a seguir.

"A decisão [de pôr fim à obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados] foi, inclusive, baseada no cenário internacional. Como não há nenhuma outra variante de preocupação circulando no mundo e a nossa população está muito vacinada, a tendência é de que a gente continue em patamares muito baixos de transmissão", ele acrescentou.

Chieppe considera o cenário atual positivo. "É importante ter clareza de que a taxa de transmissão hoje, no estado do Rio de Janeiro, é muito baixa. A positividade dos exames que, no pico da ômicron, chegou a quase 70%, agora está inferior a 3%, e com tendência de queda. A definição sobre a retirada das máscaras foi feita com muita segurança com base nesses indicadores", argumentou.

Mesmo assim, o secretário avaliou que é preciso ter cautela em considerar que a situação atual já é de endemia, quando a Covid passará a ser considerada uma doença presente no cotidiano, como a gripe.

"Quando a gente fala de pandemia, a gente fala de uma alta transmissão global. É muito difícil a gente afirmar que a gente está em uma endemia quando a gente ainda tem altas transmissões em outros países, que podem gerar novas variantes que podem ser uma ameaça no futuro. A gente tem que aguardar", disse o secretário.

"Hoje, os nossos níveis de transmissão são muito baixos, mas não quer dizer ainda que a gente vive um cenário endêmico, porque é possível que a gente tenha um aumento do número de casos, seja por causa da queda da imunidade, seja por causa do aparecimento de uma nova variante", completou.

A avaliação contrasta com a manifestada pelo secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, também em entrevista a veículos da EBC, no último dia 11. Soranz disse à TV Brasil que a "pandemia já virou uma endemia", e reforçou à Agência Brasil que "a gente já pode considerar a pandemia de Covid-19 como uma endemia, uma doença que vai estar presente ao longo do tempo".

Para o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, de um lado, o fim da pandemia depende da vacinação ser mais ampla em todo o mundo, de outro, os indicadores da pandemia no Rio de Janeiro estão em níveis endêmicos.

"Os números são endêmicos, o que não quer dizer que não haja risco de uma nova onda, caso apareça uma nova variante internacional. Então, não é uma discordância [em relação ao secretário municipal], talvez seja a forma como é colocado", ponderou.

O secretário estadual de Saúde vê como ponto importante no futuro do combate à pandemia a definição sobre como será a continuidade da vacinação contra a Covid após a primeira dose de reforço. A recomendação de uma quarta dose já começou em idosos de idade mais avançada e imunossuprimidos em diversos locais do país, como São Paulo, e já há países que a aplicam na população em geral.

"A gente está vendo, agora, uma queda da proteção da vacinação das pessoas que estão recebendo a terceira dose. Isso já aponta para uma possível incorporação de uma quarta dose nesse esquema vacinal. Acredito que deve acontecer em breve, principalmente para as pessoas com mais de 60 anos de idade e, a partir daí, a gente deve ter que conviver como a gente convive com o vírus da gripe, com vacinas anuais já preparadas para as variantes que estão circulando mais no mundo. A tendência é que isso aconteça", disse o secretário.

Até a adoção da quarta dose, Chieppe reforça que é necessário que a população complete seus esquemas vacinais, com a segunda dose, quando necessária, e dose de reforço. Para ajudar a ampliar a vacinação, ele defende que unidades Básica de Saúde (UBS) e equipes de Saúde da Família visitem pessoas que não se vacinaram ou estão com vacinas em atraso, para reforçar a recomendação da vacinação.

"Fizemos isso com a febre amarela e tivemos sucesso", lembrou. Ele considera a cobertura vacinal do estado como um todo elevada, mas reconhece a existência de desigualdades. "Temos alguns municípios do interior com uma cobertura baixa e municípios da região metropolitana, como a capital e Niterói, com a cobertura um pouco mais elevada. Agora a gente precisa melhorar e homogeneizar um pouco mais essa cobertura, sob risco de termos surtos localizados em locais com baixa cobertura", defendeu.