'Tem sido muito difícil conviver com a narrativa negacionista', diz empresário
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domingo, 14 de março de 2021
JOANA CUNHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Assunto que divide opiniões no empresariado brasileiro, o endurecimento das medidas para fechar o comércio e até o lockdown, são uma alternativa viável no cenário atual, na visão do empresário Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR, escola de formação de candidatos políticos.
"Sem a cobertura de vacinação necessária e com os sistemas de saúde entrando em colapso em várias regiões, só nos resta o distanciamento social e o reforço das medidas de higiene. Para isso, a redução nas atividades e no fluxo de pessoas é uma das poucas alternativas ainda viáveis", diz.
Mufarej, cuja entidade elegeu mais de 150 pessoas de 25 partidos em 2020, lamenta a condução da crise sanitária no país. Para ele, o Brasil foi muito mal, com um número de mortos e contaminados inaceitável, além do índice de vacinação aquém do necessário.
"Prevaricaram com a vacina, politizaram o debate onde não havia necessidade. E questões essenciais de qualquer país civilizado, como distanciamento, álcool em gel e uso de máscara, viraram polêmica indevidamente", diz.
Ele também cita a ausência de diálogo e conciliação entre união, estados e municípios como agravante para a crise.
"Muitos dos temas plenamente evitáveis. Tem sido muito difícil conviver com essa narrativa negacionista", afirma o fundador do RenovaBR, que tem nomes de peso do setor privado, como Cristina Junqueira (Nubank) e Cláudio Szajman (Grupo VR), no conselho consultivo, ao lado do apresentador Luciano Huck, cotado como potencial candidato a presidente em 2022.
Sobre o retorno político de Lula, no entanto, Mufarej diz que não chegou a assistir ao discurso do ex-presidente na semana passada.
"Acho que a antecipação do cenário eleitoral é péssima para o Brasil. O momento é de conciliação para enfrentar a grande crise sanitária e econômica provocada pelo coronavírus, e isso só desvia o foco do que está acontecendo agora. O Brasil precisa de diálogo e união, não temos tempo nem energia para mais confrontos", afirma.
Questionado para que lado pende o empresariado na polarização entre Lula e Bolsonaro, Mufarej afirma que "quem gosta do país, vive e constrói a sua vida aqui deve sempre pender para o que é melhor para o Brasil, o que se traduz em oportunidades, crescimento e a construção de uma nação onde conceitos hoje distantes como esforço coletivo, honestidade e transparência sejam resgatados".
Ele afirma que a polarização representa dois projetos populistas que frustraram o Brasil. "Um já fracassou. E o outro mostra a cada dia que está no caminho errado", diz.

