BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com a volta da taxa básica de juros (Selic) aos dois dígitos, a escalada de juros cobrados pelos bancos em novos empréstimos continua. Em janeiro, o valor médio chegou a 35,3% ao ano. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (24).

A taxa média, que era de 33,8% em dezembro e sofreu alta de 1,5 ponto percentual, atingiu o maior patamar desde novembro de 2019, quando estava em 35,49%. Para efeito de comparação, em janeiro do ano passado, estava em 28,4%.

Os números referem-se ao segmento de recursos livres, em que o custo dos financiamentos é estabelecido livremente pelas instituições financeiras

O encarecimento do crédito está relacionado ao ciclo do aperto monetário promovido pelo BC. Em fevereiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic de 9,25% para 10,75% ao ano e sinalizou que o ciclo de aperto, iniciado em março do ano passado, ainda não chegou ao fim.

Depois de começar 2021 com a taxa básica de juros no patamar mínimo histórico de 2% ao ano, foram oito altas seguidas, totalizando aumento de 8,75 ponto percentual. Agora, a Selic está no maior patamar desde maio de 2017, ainda no governo de Michel Temer (MDB), quando os juros eram de 11,25% ao ano.

O ciclo de elevação da Selic busca promover a ancoragem das expectativas diante de uma inflação persistente.

Pressionada pelas despesas com educação, alimentação e transportes, a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) subiu 0,99% em fevereiro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na quarta-feira (23). Com isso, a alta acumulada em 12 meses até fevereiro é de 10,76%.

Além disso, houve crescimento no spread bancário (diferença entre a taxa de captação dos bancos e o que eles cobram em empréstimos). O patamar do spread nas operações com recursos livres ficou em 24,6 pontos percentuais no mês, contra 23,6 pontos em dezembro de 2021.