SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Investigado sob suspeita de corrupção, o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Robson Marinho voltou ao cargo após prescrição de caso contra ele. Agora, ela nega as acusações e diz que pretende "zelar pela coisa pública".

"O juiz declarou extinto o processo. Então, derrubou a liminar que tinha me afastado", disse Marinho ao jornal Folha de S.Paulo.

Ex-integrante do governo de Mario Covas (PSDB) nos anos 1990 e ligado a tucanos, Marinho foi afastado pela Justiça paulista em agosto 2014 sob suspeita de ter recebido propina da multinacional francesa Alstom. Durante seu afastamento, ele não deixou de ser conselheiro e foi substituído por auditores que se revezavam --o último a ocupar o posto foi Márcio Martins de Camargo.

"Eu acabei de assumir. Vou continuar. E pretendo tratar com bastante zelo a coisa pública no exercício da função de conselheiro", disse ele.

De acordo com a decisão que extinguiu a punibilidade de Marinho, ele já completou 70 anos e, por isso, o prazo prescricional foi reduzido pela metade, sendo de oito anos.

"Segundo a denúncia, os fatos teriam ocorrido entre os anos de 1998 e 2005 e o recebimento da denúncia ocorreu apenas em 18.10.2017, tendo decorrido lapso temporal superior a 08 (oito) anos, portanto", diz a decisão da Justiça Federal.

Segundo o Ministério Público, a propina foi paga a Marinho para que ele ajudasse a Alstom a usar um contrato de 1990 com a Eletropaulo para vender subestações de energia em 1998 por US$ 50 milhões.

Marinho negou as acusações. "A única matéria que eu apreciei foi a renovação do seguro do maquinário. [...] E teve parecer favorável dos órgãos técnicos, e foi uma decisão colegiada, não foi só minha. Então, esse foi a único assunto que eu tratei de interesse da Alstom aqui no tribunal. Portanto, em nenhum momento, nem por ato nem por voto, eu nunca favoreci a Alstom nem qualquer outra empresa", disse.

O conselheiro afirmou que só resta uma ação por improbidade, que espera que seja arquivada.

Em 2018, o Tribunal de Contas decidiu arquivar, sem chegar a conclusão alguma, uma investigação interna que apurava a suspeita de o conselheiro Robson Marinho ter recebido US$ 3,059 milhões de propina da Alston, de acordo com documentos obtidos pela Folha de S.Paulo.