Surto de gripe faz Prefeitura de SP mudar férias de servidores, diz sindicato
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
PATRÍCIA PASQUINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As férias de parte dos funcionários da Saúde da Prefeitura de São Paulo foram remanejadas em razão do aumento dos casos de gripe e a alta na procura nos hospitais e prontos-socorros.
Dos cerca de 720 servidores com férias marcadas entre dezembro e janeiro, 100 tiveram a data do descanso alterada.
Segundo Lourdes Estevão, secretária da pasta dos trabalhadores da saúde do Sindisep-SP (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo), o assunto foi discutido numa reunião ocorrida nesta terça-feira (14), entre integrantes da Secretaria Municipal da Saúde e sindicalistas do setor.
Na ocasião, a médica Marilande Marcolin, secretária-executiva de Atenção Hospitalar, afirmou que a cidade vive um surto de influenza A H3N2 desde 5 de dezembro e que não só os hospitais, mas também as AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) e as UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) estão lotadas com casos de gripe, inclusive graves.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde negou que o motivo do remanejamento das datas seja o surto de gripe. "A readequação da escala de férias de funcionários da pasta foi feita de forma rotineira para garantir a assistência geral em toda a rede durante o período de festas", diz o texto enviado.
Por outro lado, a pasta admitiu que, na última semana, houve um aumento significativo de pessoas com síndrome gripal em suas unidades de saúde.
Em novembro de 2021, foram registrados 111.949 atendimentos de pacientes com sintomas gripais, sendo 56.220 suspeitos de Covid-19.
Já na primeira quinzena de dezembro, houve 91.882 atendimentos com quadro respiratório, sendo 45.325 suspeitos de Covid-19.
Alterações no calendário de férias de servidores já foram feitas em outros momentos de grande demanda na saúde, diz Flávia Anunciação, da diretoria-executiva do Sindsep-SP. Em 2020, ela conta que, por causa da pandemia de Covid, alguns trabalhadores também tiveram férias alteradas e até canceladas.
Em 2021, até o momento, o município notificou 119.873 casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), com necessidade de hospitalização. Desses, 205 (0,2%) foram provocados pelo vírus influenza -20 (9,8%) foram positivos para influenza A (H1N1) pdm09A, 4 (3,8%) para influenza A H3 sazonal, 134 (34,3%) para influenza A (não subtipado) e 47 (19,9%) para influenza B.
No ano passado, houve 120.850 casos de SRAG com hospitalização, dos quais 242 foram classificados como influenza. É importante esclarecer que em 2020 e 2021 os casos de SRAG incluem os suspeitos de Covid-19.
"A informação que a prefeitura nos deu foi a de que havia um excedente de funcionários em férias dentro do previsto. Ainda que queiram negar, além da gripe temos a questão da nova variante da Covid-19", diz Estevão, em referência à ômicron.
"O que nos preocupa é que temos um quadro de trabalhadores que, por conta da pandemia, estão exaustos. Esses funcionários precisam das férias, até porque tem as sequelas da Covid. Nós temos um número de trabalhadores muito alto que foram contaminados pela Covid. Nós da área da saúde sentimos o reflexo das sequelas: a ansiedade, a síndrome de Burnout, a depressão, o esquecimento, a capacidade cognitiva", completa.
Para Anunciação, existe um uso de "mão de obra até a exaustão". "Os servidores fizeram duas campanhas, da H1N1 e da Covid, e tiveram a carga horária aumentada, trabalhando aos sábados com uma única folga no domingo. Parte tem duplo vínculo. Falta planejamento e olhar atento em relação ao descanso deles", afirma.