Supermercados ampliam variedade de marcas para driblar inflação, diz setor
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quinta-feira, 09 de dezembro de 2021
LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Os supermercados brasileiros estão buscando ampliar o número de marcas de produtos e a variedade de preços para tentar driblar os efeitos da inflação, indicou nesta quinta-feira (9) o vice-presidente institucional e administrativo da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Marcio Milan.
"A gente tem visto um esforço dos supermercados para trazer marcas e preços alternativos. O consumidor está pesquisando mais, e há promoções", disse.
Em 12 meses, até outubro, a inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), avançou 10,67%. No grupo alimentação e bebidas, a alta foi maior, de 11,71%.
O dirigente citou a estratégia durante apresentação sobre o consumo nos lares de produtos vendidos pelo setor. Em outubro, o consumo recuou 0,24% em volume, na comparação com igual mês de 2020, segundo a Abras.
No acumulado do ano, até outubro, o indicador registra avanço, de 3,14%. A associação avalia que a inflação alta pesa no bolso dos consumidores Segundo Milan, a ampliação de marcas ajudou o consumo a subir 4,95% em outubro, se comparado a setembro. O dirigente ainda lembrou que outubro teve 31 dias, um a mais do que o mês anterior, o que também levou o resultado para cima na margem.
No acumulado do ano, até dezembro, a Abras segue com a projeção de avanço de 4,5% no consumo, mas não descarta uma revisão para baixo, segundo Milan.
A entidade associa o possível crescimento no acumulado a fatores como aberturas de lojas -foram 650 ao longo do ano- e menos restrições a atividades.
"Em 2020, novembro e dezembro foram meses de restrições. E estamos falando de no mínimo 650 lojas novas neste ano. O número [acumulado do ano] tende a aumentar, mas talvez não chegue aos 4,5%", indicou Milan.
NATAL
Mesmo com a pressão inflacionária, a Abras prevê alta de 14% no consumo de produtos de Natal, em termos de volume, neste ano. Essa lista inclui itens como panetones e aves.
A projeção de avanço, disse Milan, está associada a fatores como o aumento no número de marcas, além da derrubada de medidas restritivas para frear a Covid-19.
A pesquisa da Abras contempla diferentes tipos de lojas, de supermercados tradicionais a minimercados, hipermercados, atacarejos e ecommerce.
Em outubro, o gasto com uma cesta de 35 produtos de largo consumo cresceu 2,20% em relação a setembro, para R$ 700,04, calcula a entidade. Na comparação com outubro do ano passado, a cesta ficou mais cara em 17,27%.
A Grande Porto Alegre teve o maior valor desses itens em outubro: R$ 795,45. Cuiabá (MT), por sua vez, registrou o mais baixo: R$ 540,07.
As maiores altas de preços em outubro, frente a setembro, foram de tomate (28,8%), batata (24,1%), frango congelado (6,3%), café torrado e moído (6,11%) e açúcar (4,8%).