SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O grupo Perrogativas, que reúne advogados e juristas críticos à Lava Jato, diz que a condenação de Deltan Dallagnol por ataques à honra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva simboliza resposta "a uma grande injustiça".

A Quarta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu nesta terça-feira (22) que o ex-procurador da República deve indenizar em R$ 75 mil Lula pela entrevista na qual divulgou a denúncia do tríplex em Guarujá (SP). Cabe recurso.

"O dia 22 de março de 2022 ficará marcado como o dia em que o ex-procurador Deltan Dallagnol foi condenado a —literalmente— pagar por parte de seus erros na Lava Jato", afirma o grupo em nota.

A denúncia do ex-procurador ficou conhecida pela apresentação de PowerPoint reproduzida em um painel. Na ocasião, Deltan disse que Lula era "o grande general" do esquema da Petrobras e que comandou uma "propinocracia".

Para o coletivo Prerrogativas, a decisão por 4 votos a 1 "lava a alma e a honra do ex-presidente", embora "nenhum dinheiro do mundo" pague o sofrimento de uma injustiça. No texto, eles afirmam ainda que a condenação deveria ser colocada em formato de PowerPoint e ter a mesma divulgação da denúncia feita por Deltan. "Sim, o famoso PowerPoint era criminoso. Mentiroso", diz o texto.

"Ao obrigar Dallagnol a indenizar um inocente, o sistema de justiça dá um importante recado a todos os agentes públicos que abusam de seu poder e desrespeitam os direitos dos cidadãos", finaliza o grupo.

Após o julgamento do STJ, Deltan publicou nas redes sociais que "depois de perder em 2 instâncias, Lula reverte julgamento do caso Powerpoint no STJ".

"Brasileiros, entendam: isso é o que acontece quando se luta contra a corrupção e a injustiça no BR. Essa é a reação do sistema, nua e crua. Lula sai impune e nós pagamos o preço da corrupção", afirmou.

"Quem ainda neste país terá coragem de fazer seu trabalho de investigar e punir criminosos poderosos e informar à sociedade, depois dessa decisão do STJ de me condenar por ter apresentado o conteúdo da acusação à sociedade?", acrescentou o ex-procurador.