SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo vai imunizar todas as gestantes e puérperas (que deram à luz há menos de 45 dias) acima de 18 anos contra a Covid-19 a partir da próxima segunda-feira (7). Já a partir do dia 10, a imunização desse grupo também será estendida para todo o estado de São Paulo.

Antes, recebiam a vacina apenas grávidas e puérperas com comorbidades definidas pelo Plano Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde. Segundo o governo do estado, cerca de 400 mil mulheres poderão ser imunizadas —cem mil só na capital.

O anúncio da vacinação das gestantes e puérperas foi feito pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), na manhã desta sexta (4). Horas depois, o governador João Doria confirmou que a imunização dessas mulheres começaria em todo estado no próximo dia 10.

Além da capital, as cidades de São Bernardo do Campo (ABC) e de Campinas (93 km de SP) também devem iniciar a vacinação desse grupo na segunda (7), segundo o governo do estado.

Para poder se vacinar, as grávidas em qualquer período gestacional deverão apresentar nas unidades de saúde um relatório ou atestado médico em que o profissional indique que ela deva tomar a vacina contra o coronavírus.

"Para essa situação, é necessário que a gestante tenha uma indicação médica, que o médico ateste que ela tenha que tomar essa vacina", disse o prefeito da capital, Ricardo Nunes.

O prefeito ainda destacou que não adianta a gestante buscar o posto de saúde para se vacinar sem estar com o relatório médico, pois não será imunizada. Para grávidas que moram na capital, é necessária ainda a presentação do comprovante de residência —exigido para todos os que têm se vacinado na cidade desde o fim de maio.

Já as puérperas deverão apresentar, além do laudo médico, a certidão de nascimento da criança.

Todas serão imunizadas com doses da Pfizer e da Coronavac, pois a aplicação da vacina de Oxford/AstraZeneca está suspensa em grávidas no país. Segundo o governo do estado, São Paulo recebeu 150 mil doses do imunizante norte-americano do Ministério da Saúde.

Segundo o diretor da Covisa (Coordenaria de Vigilância em Saúde) da capital, Luiz Artur Vieira Caldeira, as gestantes e puérperas terão de assinar, no local em que forem se vacinar, um termo de consentimento, como determina o Plano Nacional de Imunização.

"Nesse documento, as mulheres afirmam que foram orientadas sobre a vacinação pelo seu médico e que consentem receber a dose", explica.

Para gestantes e puérperas que tiveram Covid, a orientação é aguardar 28 dias após o início dos sintomas para tomar a vacina.

Caso a mulher esteja com sintomas gripais, Caldeira orienta que ela primeiro passe por um médico para descartar o diagnóstico de Covid antes de receber o imunizante. "Se tiver febre, também não é recomendada a vacinação."

O anúncio da imunização de gestantes e puérperas fez com que muitas mulheres já acionassem seus médicos em busca do laudo indicando a vacinação. Grávida de 25 semanas, Patrícia Ferreira Pacheco Armelin, 35, já marcou consulta com o obstetra para segunda.

"Na hora em que fiquei sabendo que poderia tomar a vacina, chorei muito de emoção. A gestação tem sido muito tensa. A todo momento eu tenho medo de pegar a doença. Cada vez que fico sabendo de uma gestante que morreu ou que teve parto prematuro, fico mais desesperada", diz.

Patrícia ainda diz que já havia decidido, juntamente com seu obstetra, que iria se vacinar quando possível. Mas para que ele lhe dê o relatório médico, ela terá de assinar um termo se responsabilizando por essa escolha e confirmando que foi informada acerca dos possíveis riscos de uma vacina que ainda passa por testes em gestantes.

"Dá muito mais medo de pegar Covid e ter um quadro grave do que qualquer efeito colateral que possa acontecer. É um alívio a chegada da vacina. Um alívio para mim e para o meu bebê", diz.

O número de mortes maternas por Covid-19 mais do que dobrou nas 13 primeiras semanas de 2021 em relação à média semanal do ano passado. Passou de 10,4 óbitos (449 mortes em 43 semanas de pandemia de 2020) para 22,2 nas primeiras semanas deste ano, com 289 mortes, segundo dados os observatório obstétrico OOBr Covid-19.

Como ainda não há um posicionamento oficial da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo e nem da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, em razão do feriado de Corpus Christi, alguns médicos estão preferindo aguardar orientações antes de emitir o relatório médico indicando a vacinação.

O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, que trabalha nos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, afirma que tem conversado com suas pacientes sobre a vacinação e que essa decisão será tomada por elas.

"Eu vou seguir as determinações das sociedades médicas brasileiras, mas se a gente olhar o mundo, a vacinação de gestantes é algo que tem sido feito amplamente em outros países, como Estados Unidos e Israel, e não há registro de efeitos adversos graves. Mas a decisão tem de ser da gestante em consjunto com o médico", diz.

Pupo ainda destaca que vai recomendar às suas pacientes que aguardem a gestação completar 12 semanas para tomar o imunizante. "Essa é uma posição pessoal. Como a fase em que o embrião se transforma em feto é muito crítica para o surgimento de malformações, eu acho mais prudente esperar completar 12 semanas."

Na segunda (7) também começará a vacinação de todas as pessoas com comorbidades acima de 18 anos, na capital paulista. Até agora, só podiam se vacinar os integrantes desse grupo prioritário com mais de 30 anos.

Para receber a dose contra a Covid-19, o paciente deve comprovar a comorbidade com apresentação de exames, receitas, relatório ou prescrição médica. Todos os documentos deverão conter o CRM do médico e ter sido emitidos há, no máximo, dois anos.