BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) - Menos de um mês após a eleição que marcou a derrota na Alemanha da União (CDU-CSU), partido da primeira-ministra Angela Merkel, a sigla social-democrata SPD deve iniciar negociações formais com os Verdes e o liberal FDP na próxima semana, para formar um novo governo.

O anúncio foi feito em comunicado conjunto nesta sexta (15). Uma decisão final ainda depende de aprovação dos membros dos Verdes e do FDP, segundo a agência de notícias alemã DPA, mas essa deve ser uma etapa formal.

Se as negociações forem bem-sucedidas, o social-democrata Olaf Scholz, 63, deve se tornar o próximo primeiro-ministro da Alemanha. Atual vice-premiê e ministro das Finanças de Merkel, ele liderou a campanha vitoriosa do SPD, que obteve 25,7% dos votos, 1,6 ponto à frente da União.

A votação deu aos sociais-democratas 206 assentos no Bundestag (Câmara dos Deputados). Com os 118 eleitos pelos Verdes e os 92 deputados liberais, a coalizão chega a 416 cadeiras --a maioria exigida nesta legislatura é 368 deputados.

Batizada, neste caso, de Semáforo --por causa das cores das agremiações: vermelho do SPD, amarelo dos liberais e verde dos ambientalistas--, a coligação será a primeira formada por três partidos na história pós-guerra da Alemanha.

No comunicado, os partidos afirmam que as conversas preliminares foram marcadas por "confiança e respeito" e que estão certos de que podem chegar a um acordo "ambicioso e viável" para um novo governo.

Entre os pontos em que já há acordo, segundo o comunicado, está a eliminação até 2030 do uso de carvão para gerar energia --uma antecipação de oito anos em relação ao plano inicial.

"Isso requer a expansão maciça das energias renováveis e a construção de modernas usinas movidas a gás para atender à crescente demanda por eletricidade e energia na próxima década a preços competitivos", afirma o texto.

Também serão implantados programas para que todos os telhados tenham painéis solares e ampliada a construção de parques eólicos. O tempo para licenciamento de geradoras de fonte renovável será reduzido à metade, de acordo com o compromisso.

Após obter seu pior resultado na história recente alemã, a CDU, partido de Merkel, decidiu renovar sua liderança. A primeira-ministra, que já havia anunciado em 2018 sua saída do governo, fica no cargo até que um novo premiê seja eleito pelos deputados.

Caso isso aconteça após o dia 19 de dezembro, ela baterá o recorde de seu padrinho político Helmut Kohl e se tornará a pessoa que por mais tempo liderou a Alemanha no período pós-guerra.

Negociações para coligações podem levar vários meses no país, mas o anúncio desta sexta indica que a conversa entre os três partidos está mais avançada que o previsto e aumenta as chances de que um novo governo seja empossado antes do final do ano.