Só dois passageiros são avaliados no 1º dia de blitz sanitária na rodoviária de SP
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terça-feira, 25 de maio de 2021
ALFREDO HENRIQUE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No primeiro dia em que uma barreira sanitária começou a funcionar nesta terça-feira (25) no terminal rodoviário do Tietê, na zona norte da cidade de São Paulo, somente dois passageiros foram submetidos a análises por profissionais da saúde. O primeiro dia de fiscalização na rodoviária, porém, foi marcado por informações desencontradas.
O intuito da operação, segundo a Prefeitura de São Paulo, é monitorar o estado de saúde de pessoas que veem à capital partindo do Maranhão, ou que passem por municípios do estado nordestino, onde uma nova cepa da Covid-19, mais transmissível, de origem indiana, foi identificada.
Aos profissionais da saúde que aguardavam em uma tenda, desde as 8h, os dois passageiros afirmaram ter embarcado, rumo a São Paulo, das cidades de Estreito e Presidente Vargas, ambas no Maranhão, segundo disseram os servidores públicos. O veículo em que viajaram indicava ter partido de Belém (PA). A barreira sanitária será mantida no terminal, das 8h às 15h, por tempo indeterminado.
A temperatura dos dois passageiros foi aferida, da mesma forma que a oxigenação sanguínea. Como ambos não tinham sinais de infecção pelo novo coronavírus, foram liberados. Mesmo assim, segundo funcionários da Saúde que atenderam a dupla de viajantes, ambos serão monitorados enquanto permanecerem em São Paulo.
A Viação Roderotas, apesar da afirmação sobre a origem dos passageiros pelos funcionários da Secretaria Municipal da Saúde, porém, disse por meio de sua assessoria de imprensa que os dois passageiros embarcaram em Goiânia (GO), origem da viagem, e Uberlândia (MG), acrescentando, por telefone, que a indicação de que o veículo havia saído de Belém "estava errada."
Isso foi afirmado pois a barreira sanitária foi montada nesta terça-feira no terminal da zona norte paulistana para recepcionar passageiros de um ônibus, que partiu de Belém, no qual haveria pessoas vindas do Maranhão.
Em nota, a viação reiterou que o ônibus que chegou em São Paulo nesta terça saiu de Goiânia [GO] às 21h30 do dia 24 de maio. "Os passageiros que estavam a bordo embarcaram no terminal rodoviário de Goiânia ou em alguma cidade compreendida no eixo Goiânia x São Paulo. Este carro não passou por qualquer cidade do Maranhão", afirma trecho de nota.
A empresa disse ainda que o ônibus que saiu de Belém , nesta segunda-feira, às 8h30, passou por cidades do Maranhão, "mas nenhum passageiro que embarcou nessas cidades tinha São Paulo como destino". O veículo, acrescentou a viação, demorará pouco mais de dois dias para transitar por dez localidades do Pará, cinco do Maranhão, seis do Tocantins, sete de Goiás, três de Minas Gerais e cinco em São Paulo, tendo como destino final a capital paulista, onde a empresa estima que chegue por volta das 11h desta quarta-feira (26).
A Socicam, concessionária que administra rodoviárias em São Paulo, afirmou que o ônibus que chegou ao meio-dia era o esperado nesta terça, vindo do Pará.
A viação acrescentou que, em média, ônibus veículos da empresa, e que passam pelo Maranhão, costumam terminar seus itinerários na cidade de São Paulo semanalmente. No terminal do Tietê, segundo a assessoria de imprensa da Socicam, são em média, dois veículos diariamente com essas características.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, passageiros que saírem ou passarem pelo Maranhão terão a temperatura corporal medida e responderão a questionários. Caso apresentem sintomas, eles serão encaminhados de ambulância para serviços de pronto atendimento, onde será feito teste RT-PCR, usado para aferir se a pessoa está ou não contaminada pelo coronavírus.
Se necessário, estão reservadas 30 vagas em um hotel próximo ao terminal Tietê para que as pessoas fiquem em isolamento.
Além de aferir a temperatura de cada uma das pessoas, a prefeitura coletará os dados dos passageiros para poder monitorar suas condições de saúde e, se necessário, serem localizados rapidamente. Esse monitoramento será feito por até 14 dias.
Inicialmente, a intenção da prefeitura era a de fazer esse cerco também em rodovias que dão acesso à capital e nos aeroportos. Para isso, já foram feitas reuniões de entre equipes do município com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado e de Guarulhos, concessionárias que administram as rodovias que dão acesso à capital e também com a Polícia Militar Rodoviária.
A ação em rodovias, aeroportos e demais terminais depende ainda de um informe técnico a ser elaborado pelo Ministério da Saúde para orientar como serão realizadas essas estratégias. Sem essa definição, algumas medidas, tais como exigir testes de passageiros, não pode ser realizada.
Na última quinta-feira (20), quando o assunto veio à tona pela primeira vez, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que, se necessário, São Paulo já tem como garantir 250 novos leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) por causa da nova vairante.
As vagas de tratamento intensivo seriam montadas em hospitais-dia, nos quais foram instaladas, até o momento, dez miniusinas de oxigênio. Até 2 de junho, afirmou Nunes, outras nove serão inauguradas na cidade
Segundo a prefeitura, as medidas são essenciais no controle da população que chega à cidade de São Paulo, principalmente para evitar a entrada de novas cepas e aumentar o risco de um novo aumento de casos na capital.
Entre o último domingo (23) e esta segunda-feira (24), foram confirmados 2.752 casos da doença. Na cidade de São Paulo, a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 82%.
Segundo a prefeitura, até agora, não há nenhuma evidência da circulação da cepa indiana no município.

