Site do BC fica fora do ar em meio à paralisação dos servidores
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quarta-feira, 30 de março de 2022
NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O site do Banco Central apresentou instabilidade e ficou fora do ar por alguns minutos na tarde desta quarta-feira (30), em meio à paralisação dos servidores da autarquia por reajuste salarial e reestruturação de carreira.
Ao tentar consultar o site, uma mensagem em inglês sinalizava a impossibilidade de acesso. "Nossos serviços não estão disponíveis no momento. Estamos trabalhando para restaurar todos os serviços o mais rápido possível. Por favor, volte em breve", mostrou a página.
De acordo com o presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central), Fabio Faiad, a instabilidade se deve à mobilização dos servidores do BC. "A manutenção é do departamento de informática, que está fortíssimo na adesão ao movimento", disse.
A autoridade monetária não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
A falha pode ser vista como um alerta ao BC a dois dias do início da greve dos funcionários por tempo indeterminado, marcada para começar na próxima sexta-feira (1º). Desde o dia 17 de março, os funcionários vêm realizando paralisações diárias das 14h às 18h e atuando em operação-padrão.
A mobilização dos servidores do BC tem provocado uma série de atrasos na rotina da autoridade monetária, especialmente na divulgação de indicadores.
Mais cedo, a autarquia informou que os indicadores econômicos selecionados, como o fluxo cambial, não seriam publicados nesta quarta, como previsto. "Informaremos quando houver uma definição de data da publicação", comunicou em nota.
A publicação das notas econômico-financeiras relativas ao mês de fevereiro também foi adiada, ainda sem previsão de nova data.
Além disso, nas últimas semanas, houve atraso na publicação dos dados do fluxo cambial, do resultado do questionário pré-Copom e da apuração da ptax (taxa de câmbio) diária, além de interrupções no monitoramento preventivo do Pix e do SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro).
Durante a greve, o sindicato garante que a lei de serviços essenciais será respeitada. Mas ressalta que "o Pix e diversas outras atividades do BC não estão nessa lei. Portanto, muitos atrasos ou interrupções poderão ocorrer".
A distribuição de moedas e cédulas, a divulgação da pesquisa Focus e de diversas taxas, bem como o funcionamento do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), a mesa de operações do Demab e outras atividades podem sofrer impacto.
O BC, por sua vez, diz ter planos de contingência para "manter o funcionamento dos sistemas críticos para a população, os mercados e as operações das instituições reguladas, tais como STR [Sistema de Transferência de Reservas], Pix, Selic, entre outros".
Nesta quinta (31), os representantes dos servidores têm um encontro previsto com a diretoria de Administração do BC para discutir como será o andamento das atividades da autoridade monetária durante a greve.
O movimento dos servidores do BC faz parte da mobilização nacional do funcionalismo público por reajuste salarial e reestruturação de carreira. A pressão começou após o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter acenado com aumento aos policiais federais, categoria que compõe sua base de apoio.