SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Órfãos do Foo Fighters, que cancelou o show que faria neste domingo (27) no Lollapalooza após a morte de seu baterista, Taylor Hawkins, protestam nas redes sociais contra a apresentação montada de última hora para fazer às vezes da banda de rock.

Entre as reclamações, houve até quem dissesse que era "absurdo" substituírem o grupo americano por artistas brasileiros, que eles dizem fazer apresentações com frequência pelo país e até se apresentarem de graça. Houve, ainda, quem desmerecesse o rap, gênero predominante entre os substitutos --Emicida, Rael, Planet Hemp, Criolo, Drix Barbosa, Bivolt, DJ KL Jay e DJ Nyack.

Eles pedem reembolso para a organização do Lollapalooza, que ainda não informou se acatará o pedido ou não.

Por outro lado, houve também quem elogiasse a atitude do festival, dizendo que o show, previsto para 20h30 no palco Budweiser, seria histórico diante da alta voltagem política que tomou o festival a partir de uma batalha entre Pabllo Vittar e o presidente Jair Bolsonaro.

É que a drag queen fez um "L" com a mão durante sua apresentação na sexta-feira (25) e caminhou entre a plateia com uma bandeira estampada pelo rosto do ex-presidente Lula.

Por meio de seu partido, o PL, Bolsonaro acionou o Tribunal Superior Eleitoral contra o que ele chamou de propaganda eleitoral irregular no Lollapalooza. O TSE acatou parcialmente o pedido e determinou multa de R$ 50 mil para o festival caso outros artistas façam atos parecidos.

A estudante universitária Larissa Uchôa, que viajou de Campina Grande, na Paraíba, só para assistir ao show dos Foo Fighters, diz que reconhece o talento de Emicida e seus convidados, mas lança o palpite de que o rapper não deve agradar aos fãs da banda americana. Ela preferia que outros nomes do rock ficassem responsáveis pela substituição.

"Gosto de Foo Fighters desde os 13 anos e sempre tive vontade de ver um show ao vivo deles, Em 2019, no Rock in Rio, não consegui ver por questões logísticas, então ficou a promessa de que no próximo festival, qualquer um, eu iria", diz Uchôa, de 26 anos. "Hawkins era a alma da banda. De todos os shows que vi a distância, o melhor momento era quando ele saía da bateria para ir cantar."

Para não perder o investimento gasto na viagem, Uchôa decidiu vir neste domingo (27) para o Lollapalooza para assistir à apresentação de Lagum, que abriu o line-up do palco Budweiser neste domingo. "Chegamos ao meio-dia e agora, às 14h, já estamos indo embora", lamenta.

"O show do Emicida ontem [sábado, 26] foi muito bom, mas não faz meu estilo. Como na sexta-feira [25] tiveram problemas com a chuva, pensei que eles passariam os Wombats para hoje e recompensariam os fãs de rock. Poderiam ter puxado artistas do rock, até nacionais, tanto faz, mas não fizeram."

Houve, por fim, quem nem sequer sabia que o show tinha sido cancelado. O dentista Alexandre Ambrósio, 29, e sua namorada, Tâmara Duarte, 31, descobriram que Hawkins tinha morrido quando foram abordados pela reportagem. "É uma pegadinha, né?", perguntou Ambrósio ao repórter, que precisou sacar o celular e mostrar a notícia para que ele acreditasse.

Ainda atônitos, o casal não sabe dizer se, caso tivesse descoberto o cancelamento do show antes de sair de casa, viria ou não ao festival. Eles também não gostaram da substituição por Emicida e seus convidados, mas dizem estar contentes que pelo menos vão ver Black Pumas, de quem também gostam, antes de voltar para casa.