Setor de serviços aprofunda desaceleração e cai pelo segundo mês seguido
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O setor de serviços no Brasil começou o quarto trimestre no vermelho. Em outubro, registrou queda de 1,2% no volume, frente a setembro, informou nesta terça-feira (14) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Trata-se do segundo recuo consecutivo de serviços. A baixa de 1,2% é a maior para outubro desde 2016.
O resultado ficou abaixo das projeções do mercado. Analistas consultados pela agência Reuters projetavam alta mensal de 0,1%.
O desempenho aprofunda os sinais de perda de fôlego do setor em meio a um contexto de fragilidade da atividade econômica. Em setembro, o recuo havia sido de 0,7%.
No mês de outubro, o segmento de serviços reduziu a distância positiva em relação ao patamar pré-pandemia. Com o novo resultado, ficou 2,1% acima do nível de fevereiro de 2020.
Essa distância já foi maior. Em agosto, o setor chegou a operar 4,1% acima do pré-crise.
"A gente percebe uma perda de ritmo do setor de serviços", disse Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.
O segmento envolve uma grande variedade de negócios, de bares e restaurantes a instituições financeiras, de tecnologia e de ensino. Também é o principal empregador do país.
Durante a pandemia, a prestação de serviços diversos sofreu um choque. O baque ocorreu porque o setor reúne atividades dependentes da circulação de clientes, que foi reduzida pelas restrições para conter a Covid-19. Hotéis, bares, restaurantes e eventos fazem parte da lista de negócios impactados.
O que amenizou o tombo gerado pelo coronavírus foi o avanço de serviços ligados à tecnologia. Essas atividades tiveram demanda aquecida no período de isolamento social.
Em outubro, o recuo de 1,2% foi acompanhado por quedas em quatro das cinco atividades investigadas pelo IBGE, com destaque para serviços de informação e comunicação (-1,6%) e de outros serviços (-6,7%).
As demais retrações vieram de serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,8%) e de transportes (-0,3%).
Segundo Lobo, os recuos de atividades menos dependentes da circulação de consumidores são explicados, em parte, pela base de comparação mais alta. Também há reflexos da atividade econômica ainda fragilizada no país, conforme o analista do IBGE.
A única taxa positiva em outubro foi registrada por serviços prestados às famílias, que subiram 2,7% em outubro. Foi o sétimo avanço consecutivo. Nesse período, a alta acumulada foi de 57,3%.
Os serviços prestados às famílias envolvem, por exemplo, os ramos de alojamento e alimentação. Apesar do avanço em outubro, a atividade ainda está 13,6% abaixo do pré-pandemia, a maior distância negativa da pesquisa. Ou seja, a retomada ainda é incompleta.
Nesta terça, o IBGE também informou que, na comparação com outubro de 2020, o setor de serviços como um todo cresceu 7,5%.
No ano, o setor acumula alta de 11%. Em período maior, de 12 meses, o avanço foi de 8,2%.
Com o impulso da vacinação contra a Covid-19 e da reabertura da economia, os serviços de caráter presencial apostam em uma melhora dos negócios até o final do ano.
A recuperação, por outro lado, é ameaçada pelo cenário de escalada da inflação, juros mais altos e dificuldades no mercado de trabalho. Em conjunto, esses fatores abalam o poder de compra das famílias.
Segundo o IBGE, a inflação alta já impacta setores de serviços como o de transporte aéreo. Sinal disso é o aumento das passagens ao longo da pandemia.
Antes de divulgar o desempenho de serviços, o IBGE apresentou outros dois indicadores setoriais referentes a outubro: produção industrial e vendas do varejo. Ambos ficaram no vermelho.
A produção das fábricas recuou 0,6% em outubro, a quinta baixa consecutiva. Já o comércio encolheu 0,1% no mesmo mês, o terceiro recuo em sequência.

