BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Em uma sessão que durou mais de dez horas, o Senado argentino aprovou nesta quinta-feira (17) o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), permitindo a reestruturação da dívida que o país tem com o fundo, de US$ 44 bilhões.

O endividamento ocorreu durante a gestão do presidente anterior, de Mauricio Macri, e é um elemento divisivo no governo atual.

O resultado da votação foi de 53 votos a favor, 13 contra e três abstenções.

O setor do governo mais próximo do presidente Alberto Fernández foi favorável, em geral, ao acordo, enquanto o setor mais radical e ligado à vice-presidente, Cristina Kirchner, se mostrou contra. Boa parte da oposição votou a favor, evitando mais um calote do país.

A aprovação foi cercada de tensão. Assim como na votação na Câmara de Deputados, houve protestos do lado de fora do Congresso desde o início do dia, com a participação de várias organizações sociais. Muitos levavam cartazes contra o FMI e acusando o mandatário de traidor.

O ex-ministro da economia e hoje senador opositor Martín Lousteau afirmou que o acordo é "apenas o primeiro passo e evitará sofrimentos maiores que nosso povo já padece. Se não apoiarmos esse acordo, haverá mais pobreza, mais inflação e mais desvalorização da moeda".

Atualmente, a inflação argentina está em 50% ao ano. O presidente Alberto Fernández anunciou que, nesta sexta-feira, anunciará um pacote de medidas para realizar "uma guerra contra a inflação". Há rumores de mais congelamentos de preços e restrições a exportações.

A senadora Silvia Sapag, que se posicionou contra o acordo e se absteve de votar, disse que "em 2016, estávamos sem dívidas, e de repente, em 2018, já tínhamos o FMI sobre nós. Foram embora US$ 41 bilhões. Essa dívida serviu para a fuga de capitais e para que se encham de ouro os amigos do poder, os bancos, que nos deixaram em 'default'. Foi um plano perfeito".