SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um segurança do Lollapalooza tentou tomar a toalha estampada com o rosto do ex-presidente Lula das mãos de Saymon Souza, o homem que entregou o objeto a Pabllo Vittar na última sexta-feira, em show no festival. Um vídeo mostra o segurança, durante o show da cantora Gloria Groove, no domingo, puxando a toalha das mãos de Souza.

A toalha causou um alvoroço dentro e fora do evento, depois que a campanha do presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal, acionou o TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, alegando suposta propaganda eleitoral irregular em benefício de Lula. O tribunal acabou acatando esse pedido, e determinou multa de R$ 50 mil para o festival se houvesse outras manifestações a favor ou contra qualquer candidato ou partido, em caso que gerou diversos protestos contra a censura. Nesta segunda, no entanto, o PL decidiu retirar a ação a pedido de Bolsonaro.

Souza conta que estava na grade do show de Gloria Groove com a toalha, o que chamava a atenção de quem passava por ali, até que ele foi abordado pelo homem que aparece no vídeo. "Ele falou assim, 'você não pode fazer isso aqui, está proibida a propaganda política, e vou tomar sua bandeira'. Eu falei que não era uma propaganda política, e que eu sou público, não estou proibido de me manifestar como eu quiser. Posso estar com um cartaz, com qualquer coisa. E que impedir isso era censura."

Souza diz que o segurança foi conversar com outros funcionários do festival, mas continuou rondando o local. "Nessa hora [do vídeo], ele chamou outro cara, e disse, 'você não vai tirar?'. Eu falei que não iria tirar. Aí ele veio e puxou. Nessa hora, as pessoas me ajudaram a segurar a toalha."

Segundo o produtor audiovisual maranhense, o segurança afirmou estar recebendo comandos para tomar dele a bandeira pelo rádio, mas a organização do Lollapalooza nega que tenha dado essa orientação. A empresa produtora do festival, a T4F, aliás, entrou com recurso no TSE contra a tentativa de censura, dizendo não ter como fazer cumprir a ordem que "veda manifestações de preferência política" e que não pode agir como censora privada, "controlando e proibindo o conteúdo" das falas.

Gloria Groove, que estava no palco no momento do incidente, cantou vestindo um maiô com o número 13, usado pelo PT nas urnas. Ela também comentou sobre a tentativa de censura do TSE na apresentação. "Será que a gente voltou no tempo? Será realmente que é isso que está acontecendo? Quer dizer que eles querem calar a gente, é isso? Censura em 2022 é o caralho. Fora, Bolsonaro!", ela disse no show.

Depois do comentário da drag, Souza diz que os seguranças não mais o abordaram. "Na hora que ela falou sobre a censura, ele se afastou de mim. Quando ela falou 'fora, Bolsonaro', eu levantei a 'bandeira', e acabou que eles não tomaram de mim."