RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Celebrada pelo governo como importante reforço contra a crise energética, a usina termelétrica GNA 1, no norte do Rio de Janeiro, parou de operar apenas quatro dias após sua inauguração e passou mais de dois dias sem gerar energia.

Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a usina foi desligada às 11h38 de segunda-feira (20) e só retornou às 22h40 de quarta (22). Nesta quinta (23), vem operando normalmente, de acordo com o operador.

A empresa operadora da térmica disse que a usina "passou por ajustes, comuns de início de operação comercial" e já retomou as operações "para contribuir com o esforço do governo brasileiro para superar a pior crise hídrica dos últimos 90 anos".

De acordo com o ONS, a paralisação ocorreu por "problemas técnicos com riscos para o sistema de fornecimento de gás". "Apesar desse desligamento não previsto, não houve impactos dessa ausência na geração de energia destinada a suprir as necessidades do Sistema Interligado Nacional", disse o operador.

Com capacidade para gerar 1.338 MW (megawatts), a GNA 1 é a segunda maior térmica do país e entrou em operação com atrasos na última quinta (16). A contribuição adicional ao sistema elétrico em meio à crise foi celebrada pelas autoridades do setor.

"A entrada dessa usina será muito benéfica para o setor, especialmente na atual conjuntura. A energia será injetada no sistema na região sudeste, a mais castigada com a estiagem dos reservatórios", disse, em nota divulgada antes do início das operações, o diretor-geral da Aneel, André Pepitone.

A GNA 1 representa quase um quarto dos 5,5 mil MW adicionais que o ONS estima necessários para garantir o abastecimento até o início das chuvas de verão. Nesta quinta (23), o diretor-geral do operador, Luiz Carlos Ciocchi diz que, com as medidas já tomadas, não há possibilidade de racionamento em 2021.

A energia gerada pela térmica é capaz de abastecer 4 milhões de habitantes. Por estar na região Sudeste, corre menos risco de ter a capacidade de entrega impactada por gargalos no sistema de transmissão de energia do país.

A térmica tinha início de operações previsto para o primeiro semestre, mas teve que esticar o cronograma devido à pandemia e a problemas durante a fase de implantação. Em 2020, quando havia cerca de cinco mil empregados no canteiro, as obras chegaram a ser suspensas por três meses.

O projeto é controlado pela Prumo, dona do Porto do Açu, pela petroleira BP, pela fabricante de equipamentos elétricos Siemens e pela geradora chinesa Spic (State Power Investment Corporation).

Contratada em leilão de energia de 2017, a GNA 1 tem um custo de produção menor do que as térmicas contratadas de forma emergencial pelo governo para enfrentar a crise hídrica. Mas ainda assim, a tendência é que opere a plena carga nos próximos meses, pressionando ainda mais a conta de luz.

Seus investidores têm outro projeto de térmica no porto, a GNA 2, com potência de 1.672 MW e previsão de início das operações em 2024. Neste momento, diz a Aneel, o Porto do Açu se tornará o maior complexo termelétrico do país.