SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - O secretário do ex-juiz Pedro David Galeano, 36, assassinado a tiros na manhã desta quarta (17) dentro do seu escritório de advocacia na região urbana de Coronel Oviedo, no Paraguai, foi preso por suspeita de envolvimento no crime.

É o 5º assassinato de uma autoridade nos últimos três meses no Paraguai de acordo com levantamento feito pelo UOL, que mapeou 28 mortes com características compatíveis com crimes cometidos pelo narcotráfico no período -média de um homicídio a cada três dias.

Segundo a polícia paraguaia, dois homens desceram de uma motocicleta e perguntaram ao secretário Alcides Rubén Rojas Acosta onde estava o ex-juiz, que presidia a Ordem dos Advogados do Departamento de Caaguazú. Galeano foi atingido por ao menos um tiro na nuca e outros dois no peito, disparados por uma pistola calibre 9 milímetros.

Após o crime, os suspeitos voltaram a cruzar pelo secretário, ainda de acordo com a investigação. Ouvido pela polícia, Acosta disse que não impediu a fuga por não ter percebido o crime. Os matadores então voltaram a embarcar na moto e a abandonaram a quatro quarteirões do local do crime.

Investigadores revelaram que ele foi preso em seguida por causa das contradições em seu depoimento. O UOL não localizou representantes de Acosta para que apresentassem a versão dele do caso.

EX-JUIZ ESCAPOU DE ATENTADO EM 2018

Em 14 de julho de 2018, o ex-juiz já tinha sido alvo de um atentado quando um brasileiro tentou surpreendê-lo no momento em que ele estava prestes a entrar na própria casa. Contudo, Galeano reagiu e disparou contra o suspeito, que morreu no local.

Assassinatos de autoridades no Paraguai têm se intensificado nos últimos meses. Segundo levantamento do UOL, três políticos e um policial foram mortos nesse período em crimes atribuídos a matadores supostamente ligados a organizações criminosas locais ou ao PCC (Primeiro Comando da Capital) no Paraguai.

Um dos episódios de maior repercussão envolveu o assassinato do ex-deputado Carlos Rubens Sanchez Garcete, o Chicharõ, fuzilado dentro da própria casa em Pedro Juan Caballero no dia 7 de agosto. Criminosos com uniformes e emblemas da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) se identificaram como agentes em operação contra o tráfico para conseguirem entrar no imóvel.

O episódio mais recente ocorreu no dia 12 de outubro, quando o policial paraguaio Hugo Ronaldo Acosta foi assassinado a tiros em Pedro Juan Caballero. Próximo ao corpo, os autores do crime deixaram um bilhete, que dizia: "Para de oprimir a população lá dentro porque vamos pegar vocês como pegamos anteriormente os companheiros seus".

ASSASSINATOS EM SÉRIE

Nos últimos três meses, houve ao menos seis atentados com mais de uma vítima. Os casos foram registrados em quatro municípios dos dois países, em pontos estratégicos para o comércio internacional de entorpecentes: a fronteira entre Pedro Juan Caballero com a brasileira Ponta Porã (MS) e a divisa entre a paraguaia Capitán Bado e Coronel Sapucaia (MS).

Entre os ataques, a chacina que deixou quatro pessoas mortas ao serem atingidas por mais de 100 disparos de fuzil no dia 9 de outubro na saída de uma casa noturna em Pedro Juan Caballero.

Forças de segurança dos dois países costuram uma força-tarefa para garantir a legalidade na troca de informações. E, assim, facilitar as ações no combate ao narcotráfico na região.

O primeiro massacre com base no acirramento recente envolvendo o narcotráfico ocorreu em 26 de julho, quando um casal foi atingido por mais de 30 disparos em uma choperia na cidade paraguaia. Apenas seis dias depois, dois irmãos foram mortos em um atentado com as mesmas características.