SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Às vésperas de a Prefeitura de São Paulo anunciar o novo preço da tarifa de ônibus na cidade, a Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade Urbana e os técnicos da SPTrans vão sugerir ao prefeito Ricardo Nunes (PSDB) o aumento de R$ 4,40 para R$ 5,08, com possibilidade de arredondamento para R$ 5,10 ou para R$ 5, como forma de recomposição da inflação dos últimos dois anos.

O reajuste de tarifa foi debatido na manhã desta quarta-feira (22), durante reunião extraordinária online do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes. O prefeito não participou do evento.

Nunes deverá apresentar o novo valor das passagens dos ônibus para a Câmara Municipal até o fim desta semana, para valer já a partir do dia 1º. O prefeito disse na semana passada que ainda negocia com o governo federal apoio financeiro para que a União custeie a gratuidade na passagem de idosos, o que poderia evitar o reajuste em geral.

A reposição da inflação para definir o novo valor da tarifa foi explicada por George Gidali, diretor de Operações da SPTrans, durante a reunião, e confirmada por Levi dos Santos Oliveira, secretário municipal de Transportes e Mobilidade Urbana.

Os dois frisaram que o prefeito ainda vai definir se haverá reajuste no preço da passagem e de quanto.

O índice usado foi o Ipca-IBGE, o oficial para medir a inflação no Brasil, de 15,51% acumulado entre dezembro de 2019 e novembro de 2021, segundo apresentado. Não houve reajuste de tarifa nos últimos dois anos na cidade de São Paulo.

Ambos foram criticados pela falta de transparência na apresentação da sugestão de reajuste, que ficou para o fim da reunião.

"Nós iremos encaminhar ao Executivo a proposta que foi apresentada, da reposição das perdas inflacionárias", afirmou Oliveira. "Mas a decisão ficará a cargo do Executivo", completou.

Segundo a SPTrans, empresa ligada à prefeitura que controla o transporte por ônibus na cidade de São Paulo, o custo do sistema atualmente é de R$ 8,71 por passageiro, praticamente o dobro do preço cobrado aos usuários.

Neste ano, a prefeitura gastará R$ 3,3 milhões com subsídios para equilibrar a tarifa. No ano passado, o valor foi de R$ 3.315,9 milhões, segundo tabelas apresentadas pela SPTrans na reunião extraordinária desta quarta.

Andréa Capri, superintendente de Receita e Remuneração da SPTrans, apresentou dados sobre queda de usuários. A estimativa é que o sistema feche este ano com 5,15 milhões de passageiros transportados contra 5,2 milhões em 2020 e 8,9 milhões em 2019, antes da pandemia. A estimativa para 2022 é de 7,45 milhões.

Segundo ela, houve uma queda de 8,9% na frota de ônibus em circulação na cidade durante a pandemia do novo coronavírus.

Sem dizer o quanto isso pode representar no valor da nova tarifa, ela citou o aumento no número de veículos com ar-condicionado nas ruas da capital, que passou de 6,8 mil em 2019, antes da pandemia, para 9,2 mil neste ano.

Andréa também citou a alta do óleo diesel, de 63% desde abril do ano passado como justificativa da elevação dos custos no transporte.

O secretário executivo também disse que vai mostrar ao prefeito que cada R$ 10 na tarifa básica a receita tarifária aumenta R$ 104 milhões nos 12 primeiros meses.

Não houve reajuste de tarifa em 2021, em meio à pandemia. Apesar de prefeitura e governo estadual terem mantido o valor das passagens, no fim de 2020 foi revogada a gratuidade no transporte coletivo municipal e intermunicipal para pessoas entre 60 e 64 anos, o que inclui também trem e metrô.

Na última sexta-feira (17), o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) afirmou que a gestão João Doria (PSDB) está conversando com a prefeitura sobre se haverá reajuste em conjunto com metrô e e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Durante inauguração da estação Vila Sônia, da linha 4-amarela do metrô, Garcia falou em responsabilidade fiscal, mas não quis dizer se o reajuste já valerá para o dia 1º, ao contrário do que tem dito o prefeito Ricardo Nunes, se for mesmo subir o valor da passagem.